O número de acidentes nos trechos regionais das BRs 050 e 365 que estão sob a jurisdição da Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Uberlândia reduziu 17,8%, entre 2013 e 2014, ao passo que a quantidade de mortes nestas ocorrências permaneceu o mesmo em igual período. Balanço realizado pelo órgão policial e enviado ao CORREIO de Uberlândia mostra que, há dois anos, 1.502 colisões, capotamentos e outros acidentes foram registrados nas rodovias e 19 pessoas morreram. Já em 2014, essa quantidade caiu para 1.234 casos e o número de mortes se repetiu.
Esse índice igual de vítimas foi mantido, principalmente, na BR-365. Nessa rodovia, em 2013, duas pessoas morreram em acidentes em trechos da região. No ano seguinte, registrou-se seis mortes. Enquanto isso, na BR-050, o número de mortos em acidentes caiu de sete para três entre um ano e o outro.
Na avaliação da PRF local, conforme a inspetora Jane Santos, esse panorama revela que as melhorias nas pistas realizados nos últimos anos, como duplicações, alargamentos e nas sinalizações, por exemplo, contribuíram de fato para a redução da proporcionalidade de acidentes. Porém, em contrapartida, tais melhorias podem ter gerado sensação de confiança aos motoristas, que, por sua vez, aumentaram a velocidade em que trafegam nas vias. “A velocidade é algo que potencializaria a gravidade dos acidentes que ocorrem”, disse a inspetora.
A mesma avaliação tem o ex-comandante da segunda unidade do Comando Operacional do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais e do 5ª Batalhão do Bombeiros em Uberlândia, coronel Felipe Aidar. Segundo ele, que atuou por seis anos atendendo na região, quanto melhor as estradas, maior a velocidade dos veículos e, por consequência, mais graves são os acidentes. “Os acidentes graves em pista simples ocorrem pela imprudência nas ultrapassagens em geral. Em alta velocidade, saídas de pista e capotamentos têm elevação significativa. Isso é uma variável presenciada em rodovias de todo o mundo”, disse Aidar que acredita que as ações de prevenção e conscientização têm de aumentar para conter os casos.
Radares estão em pontos cruciais
No intuito de conter o número de mortes nas rodovias devido a acidentes graves com veículos em alta velocidade, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), além de contar com os radares fixos em pontos de maior fluxo de carros, tem utilizado um radar móvel nas fiscalizações. “Priorizamos pontos críticos de mão única, como na 365 entre Uberlândia e Patrocínio, e também em pista duplas sem radares fixos, como na 050 entre Uberlândia e Uberaba”, afirmou a inspetora Jane Santos.
Para o geógrafo especialista em trânsito e mobilidade urbana, Vitor Ribeiro Filho, apesar das fiscalizações, o poder público somente conseguirá conter o número de acidentes se agir com mais efetividade nos flagrantes e punições. “Além do investimento em infraestrutura, há de se combater um problema histórico, que é a questão da conscientização. O comportamento do condutor deve ser moldado para a direção defensiva na região”, disse ele, lembrando que as duas rodovias têm fluxo alto de veículos pequenos e pesados por serem ligações entre as cidades da região e também entre capitais.
Caso de perito não foi esclarecido
Pelas BRs 050 e 365, passam, ao menos, 40 mil veículos ao dia, conforme levantamentos da Polícia Rodoviária Federal (PRF). As vias são ponto de passagem de muitos veículos pesados, que levam cargas ou pessoas de uma região a outra do Brasil, e também por veículos leves. E esse encontro entre carros, motos, caminhões e ônibus no trecho tem ocasionado em acidentes que marcam as famílias das vítimas.
No dia 25 de novembro de 2014, o perito da Polícia Civil em Patrocínio Renato Costa Sobrinho morreu após uma carreta bitrem chocar de frente com o carro que ele dirigia no km 554 da BR-365, próximo à ponte entre Uberlândia e Patrocínio. As circunstâncias que levaram ao acidente, em um dos trechos que é um dos citados pela PRF como mais perigosos da região, ainda não são claras, como revelou a esposa, a consultora administrativa Kellen Cristina Costa, ao CORREIO. “Há a imprudência e há a falta de infraestrutura, mas ainda é obscuro. Meu marido fazia a rota toda a semana, pois morávamos em Uberlândia, e conhecia a estrada. Nunca imaginaria que isso pudesse acontecer. Hoje, se pudesse, conhecendo a realidade do local, teria mudado com certeza para Patrocínio”, disse.
Ocorrências crescem em 8 estradas
Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) revelam também que, em Minas Gerais, entre 2013 e 2014, o índice de mortes em desastres automobilísticos chegou a crescer em oito das 15 rodovias federais mineiras, nas quais a fiscalização é mantida. Fazem parte desse grupo estradas espalhadas por todo o Estado, como as BRs 116, 135, 153, 364, 267, 354, 459 e 365.
Os trechos apresentaram tendência contrária ao que, segundo os dados da PRF, foi visto em rodovias como as BRs 381 e 040. Nesse locais, houve redução tanto de acidentes quanto de mortes no período. Apesar desse cenário, ao se considerar todos os percursos patrulhados pela PRF, verifica-se decréscimo de 7,49% dos óbitos em Minas, que passaram de 1.242 em 2013 para 1.149 no ano passado.
Rodovias BRs 365 e 050
Quantidade de acidentes: 1.502
Quantidade de mortes: 19
Quantidade de acidentes: 1.234
Quantidade de mortes: 19
Correio de Uberlândia
Número de acidentes cai nos trechos regionais das BRs 365 e 050
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