Belo Horizonte e Uberlândia lideram a adoção do método Wolbachia no combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya.
A implementação desse novo método faz parte do Plano de Ação 2024/2025, visando reduzir os impactos das arboviroses.
O método Wolbachia interfere na capacidade do mosquito de transmitir os vírus, tornando-o menos eficiente na disseminação das doenças.
Uberlândia
Uberlândia está focada no engajamento comunitário, com equipes do projeto interagindo com a população local e instituições, como unidades de saúde, escolas e ONGs.
O objetivo é fornecer informações sobre o método Wolbachia, explicar os procedimentos de campo e compartilhar o cronograma de liberação e monitoramento dos mosquitos infectados pela bactéria.
O projeto acontece em parceria entre prefeitura e Ministério da Saúde, por meio da Fiocruz, na fase de mobilização social para compartilhar informações e explicar como será o trabalho.
A ação está sendo feita pelos agentes comunitários da Secretaria de Saúde, com as redes municipal, estadual e particular de educação.
Após as ações de campo, a equipe aplicará uma pesquisa de opinião pública para identificar o entendimento e a aceitação da população sobre o projeto.
Belo Horizonte
Em Belo Horizonte, a Biofábrica Wolbachia começará a operar este ano com capacidade para produzir até 2 milhões de mosquitos por semana.
A primeira fase do projeto incluirá a liberação de mosquitos em Brumadinho e 21 municípios da Bacia do Rio Paraopeba.
A tecnologia já foi testada na região de Venda Nova entre 2021 e 2023 e agora segue em expansão.
Brasil
Atualmente, cerca de 4 milhões de brasileiros em oito cidades já se beneficiaram com a tecnologia: Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR), Joinville (SC), Niterói (RJ), Rio de Janeiro (RJ), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE).
Com as novas liberações, o número de beneficiados deve aumentar para 5 milhões, incluindo Presidente Prudente (SP), Natal (RN) e Uberlândia (MG).
O Brasil busca expandir a cobertura da metodologia para mais cidades, otimizando a distribuição dos ovos para as regiões mais críticas.
“Nosso objetivo é transformar essa tecnologia em uma política pública, tornando-a uma estratégia permanente de controle do Aedes aegypti em larga escala”, afirmou Rivaldo Cunha, secretário-adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde.
Biofábricas
O ciclo de vida do mosquito e a produção dos ovos acontecem em biofábricas localizadas no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Foz do Iguaçu, Londrina e Joinville.
Novas biofábricas também estão em construção em Presidente Prudente, Natal e Uberlândia, seguindo o mesmo modelo.
Como funciona o método Wolbachia?
A Wolbachia é uma bactéria naturalmente presente em cerca de 60% dos insetos, mas não ocorre no Aedes aegypti.
Quando introduzida no mosquito, ela impede o desenvolvimento dos vírus da dengue, zika e chikungunya, contribuindo para a redução dessas doenças.
O método consiste na liberação de mosquitos infectados com Wolbachia, que se reproduzem com os mosquitos locais, criando uma população de mosquitos portadores da bactéria.
Com o tempo, a proporção de mosquitos infectados aumenta até atingir um nível estável, eliminando a necessidade de novas liberações.
Os “Wolbitos”, como chamam os mosquitos infectados, não são transgênicos e não transmitem doenças.
Além disso, a Wolbachia não pode ser transmitida para seres humanos ou outros mamíferos, o que torna o método seguro e eficaz no controle do Aedes aegypti.