Um vereador entrou na “Sala Vermelha” da Unidade Básica de Saúde (UBS) de Felício dos Santos, Minas Gerais, na segunda-feira (3), enquanto um paciente em estado grave recebia atendimento. O paciente morreu após a entrada do parlamentar, que alegou estar fiscalizando os médicos após reclamações sobre a demora no atendimento. O caso mobilizou a cidade e gerou milhares de reações nas redes sociais.
Quem é o parlamentar
O vereador em questão é Wladimir Canuto (Avante), que ocupa uma cadeira na Câmara Municipal desde 2017. Em nota divulgada na terça-feira (4), a prefeitura repudiou a atitude do parlamentar e classificou sua entrada na unidade como “vil”, “ardilosa”, “abrupta” e “injustificada”. O comunicado também acusa Canuto de “propagar agressões verbais contra servidores públicos e agredir fisicamente uma funcionária no exercício de sua função”.
Em um vídeo publicado em sua conta no Instagram, o vereador negou qualquer agressão física, mas admitiu ter feito ofensas verbais. “Não tem ninguém que prove que eu agredi alguém fisicamente lá. Verbalmente, sim. Eu falei muita coisa que eles precisavam ouvir”, declarou.
Versão do vereador
Canuto afirma que foi à UBS a pedido de um cidadão que denunciava demora no atendimento. “Quando eu cheguei lá, vi pessoas que estavam esperando desde as 14h, inclusive uma senhora chorando de dor na coluna, sem atendimento”, relatou. Ele justificou sua entrada em uma das salas da unidade: “Eu tenho que entrar, eu tenho que ver o que está acontecendo. Eu simplesmente abri a porta, não entrei. Perguntei se havia um médico ali dentro, e a médica confirmou. Agradeci e saí”, disse.
Versão da prefeitura
A prefeitura, porém, sustenta que a atitude do vereador foi irresponsável e agravou o caos na UBS, impactando negativamente a equipe médica e os familiares do paciente. “A invasão abrupta e injustificada à ‘Sala Vermelha’, em momento delicado de atendimento a paciente sob risco de morte, transcende o exercício da vereança e se revela vil e ardiloso, não fazendo jus ao mínimo de humanidade e empatia que se espera de um ser humano”, diz trecho da nota oficial da prefeitura.
A administração municipal anunciou que tomará medidas judiciais e administrativas contra o vereador e espera que a Câmara Municipal instaure uma comissão para apurar o caso. A gestão também destacou sua solidariedade aos servidores da UBS e aos familiares do paciente que veio a óbito.