O curta-metragem “Zoya”, produzido em Uberlândia e dirigido por Larissa Dardania, está competindo no Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro como melhor filme. A obra de 19 minutos aborda o luto infantil sob a perspectiva de uma menina de 10 anos que tenta compreender a morte de seu cachorro. A exibição no festival ocorre entre os dias 23 e 30 de abril.
Inspirado na experiência pessoal da diretora durante a infância, quando enfrentou a perda pela primeira vez, “Zoya” utiliza a sensibilidade do olhar infantil para explorar as complexas emoções ligadas ao luto. A produção foi viabilizada com recursos da Lei Paulo Gustavo e priorizou a participação de mulheres, pessoas negras e integrantes da comunidade LGBTQIA+.
A narrativa de “Zoya” acompanha a personagem principal em sua jornada de busca por explicações sobre a morte. A crença infantil de que os mortos se transformam em estrelas se mostra vaga e insuficiente para a menina, gerando um sentimento de vazio. Essa sensação é central na trama, que se desenvolve na zona rural onde Zoya reside. Uma das cenas mais marcantes retrata o silêncio da menina diante do céu estrelado. Outro momento simbólico é a exploração da “zona do nada”, representando as incertezas e reflexões diante da perda.
A jovem atriz Sophia Souza, descoberta em uma escola pública de Uberlândia durante a seleção de elenco, interpreta Zoya. A escolha de uma criança como protagonista, segundo Dardania, permitiu trabalhar com simbolismos e metáforas de forma mais livre, explorando a imaginação inerente à infância.
Apesar do ponto de vista infantil, a cineasta ressalta que as questões levantadas pelo filme são universais, pertinentes a todas as idades. “Zoya” não busca oferecer respostas definitivas, mas sim estimular a reflexão sobre o luto e a aceitação da dúvida como parte da experiência humana. A valorização do silêncio e dos gestos sutis na narrativa reforça a ideia de que, por vezes, o mais importante não é encontrar um sentido imediato, mas aprender a seguir em frente com as perguntas.