Alta do leite desacelera com consumo fraco e maior volume importado

Preço pago ao produtor mineiro subiu 2,65% em abril; no Brasil, avanço foi de 1,3%

Redação Geral
Foto: Agência Brasil

O preço do leite pago ao produtor em Minas Gerais registrou alta de 2,65% em abril, segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). O mercado passou a cotar o litro a R$ 2,94. Apesar do avanço, o ritmo de valorização desacelerou em relação aos meses anteriores, reflexo do consumo enfraquecido e das importações em alta.

Média Nacional

Na média nacional, o aumento foi de 1,3% —também menor que o registrado no mês anterior, quando o reajuste chegou a 3,3%. Com isso, o litro do leite na chamada “Média Brasil” alcançou R$ 2,82, alta real de 15% frente a março de 2024.

A oferta restrita no campo e a maior disputa entre as indústrias pela matéria-prima impulsionam a alta nos preços, pelo terceiro mês consecutivo. Ainda assim, o mercado já mostra sinais de pressão no repasse dos valores ao consumidor final.

Segundo a pesquisadora Natália Grigol, do Cepea, o principal fator por trás da desaceleração foi a retração nas vendas de derivados entre indústrias e canais de distribuição. A queda na demanda em março limitou as negociações.

Aumento das importações

Outro elemento que tem influenciado o mercado é o aumento das importações. Embora as compras externas de leite tenham caído 14,8% em março, o volume acumulado no trimestre ainda é 5,4% superior ao do mesmo período de 2024. “Essa quantidade continua significativa e preocupa o setor quanto à concorrência com produtos importados”, diz Grigol.

A oferta interna, por sua vez, se manteve praticamente estável —movimento considerado atípico para o período, que costuma marcar o início da entressafra. O Índice de Captação de Leite (Icap-L) caiu apenas 0,2%.

As condições climáticas favoráveis e a melhora das margens da atividade impulsionaram investimentos em alimentação e manejo, o que contribuiu para ganhos de produtividade. “Apesar dos custos com alimentação ainda elevados, o cenário de março foi menos pressionado que em anos anteriores”, afirma a pesquisadora.

A perspectiva para os próximos meses é incerta. Com a demanda estagnada, estabilidade na produção e margens industriais comprimidas, há risco de reversão na trajetória de alta. Agentes do setor não descartam queda nos preços ao produtor no segundo trimestre.

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