Uberaba, uma das maiores cidades do interior mineiro, está sem deputados estaduais ou federais com domícilio eleitoral na cidade. E é justamente nesse vácuo que velhas figuras da política nacional têm enxergado oportunidade.
A mais recente movimentação vem de Eduardo Cunha (Republicanos), ex-presidente da Câmara dos Deputados e um dos protagonistas do impeachment de Dilma Rousseff. Condenado por corrupção em 2016 e cassado pela Câmara, Cunha tenta construir uma nova base eleitoral no Triângulo Mineiro para voltar ao Congresso em 2026.
Após fracassar nas urnas por São Paulo em 2022, com apenas 5 mil votos, Cunha escolheu Uberaba como sua principal aposta. A estratégia passa pela ocupação de espaços religiosos, comunicacionais e simbólicos da cidade. Ele adquiriu uma rádio local, a Agora FM, rebatizada como Rádio Maravilha, e passou a marcar presença em cultos evangélicos e eventos ligados ao agronegócio.
Em abril, circulou pela Expozebu, principal vitrine do setor pecuário no Brasil, onde buscou visibilidade e reuniões com lideranças da cidade e região. Também se aproximou do Uberaba Sport Club, time que disputa a segundona do Mineiro, em mais uma tentativa de aproximação com a população.
Uberaba não é novata nesse tipo de movimento. André Janones, deputado federal por Minas, transferiu seu gabinete regional para a cidade após perder espaço em Ituiutaba. A cidade, por sua relevância política e econômica, virou campo de disputa de políticos sem raízes locais.
E os antigos donos da cidade? Como reagirão figuras como Paulo Piau, Anderson Adauto, Franco Cartafina ou até mesmo a prefeita Elisa? Ficarão calados enquanto forasteiros disputam a hegemonia local ou vão assumir o risco de deixar Uberaba mais uma vez sem voz própria em Belo Horizonte e Brasília?
Veja também: Uberaba: por que a cidade atrai tantos candidatos forasteiros?
Essa análise faz parte da Coluna Poder, assinada por Adelino Júnior, que acompanha os bastidores da política no Triângulo Mineiro.