Dandara Tonantzin oficializou sua candidatura à presidência do PT de Minas Gerais com um chamado claro: renovar a coragem. O gesto não é apenas simbólico. Representa um movimento estratégico dentro da legenda, que vive um processo de reorganização em meio aos desafios impostos pelo governo Zema e ao avanço da extrema-direita no estado.
A deputada federal de Uberlândia surge como nome de consenso entre diversas correntes da esquerda mineira. Ao lado de militantes históricos e novos quadros, ela promete um partido mais conectado às bases, combativo e enraizado nos movimentos sociais, com forte presença feminina, negra e jovem.
Nos bastidores, aliados avaliam que Dandara simboliza a transição geracional no PT-MG. Sua candidatura tem apoio de parlamentares e dirigentes que veem na deputada a capacidade de dialogar tanto com o campo institucional quanto com as ruas — atributo que se tornou marca de sua trajetória desde o movimento estudantil.
A presidência do PT-MG hoje é ocupada por Cristiano Silveira, que conduziu a sigla nos últimos anos e deixa o cargo com saldo positivo: a bancada estadual foi ampliada e o partido desempenhou papel central nas eleições de 2022. Minas foi o único estado do Sul e Sudeste onde Lula venceu no primeiro turno.
A disputa interna, no entanto, ainda não está totalmente definida. O PT realiza seu processo de eleições diretas (PED) até o segundo semestre. Embora Dandara largue um pouco antes, outros setores ainda articulam possibilidades. A pergunta nos bastidores: haverá chapa de unidade ou confronto de visões?
Se vencer, Dandara será a primeira mulher negra a presidir o PT mineiro — feito que, por si só, já carrega um peso histórico num partido que busca se reinventar sem perder sua essência.
Esta análise integra a Coluna Poder, assinada por Adelino Júnior, que acompanha os bastidores da política no Triângulo Mineiro.