A deputada federal Dandara Tonantzin está oficialmente fora da eleição para a presidência do PT em Minas Gerais. O Diretório Nacional do PT decidiu manter a suspensão de sua candidatura, após votação realizada nesta terça-feira (1º de julho). O placar — 58 votos pela suspensão contra 32 favoráveis à manutenção do nome da deputada — evidenciou a divisão interna e deixou claro que a briga é tão política quanto técnica.
Desde o início, a questão girou em torno de uma dívida partidária de quase R$ 130 mil. Dandara sustenta que regularizou o pagamento dentro do prazo para inscrição das chapas. A parlamentar alega que houve um estorno bancário, mas que o valor foi imediatamente corrigido e pago novamente. A Executiva Nacional do partido, contudo, foi rígida: decidiu cumprir o estatuto ao pé da letra e barrou a candidatura.
Na tentativa final, o grupo de Dandara recorreu ao Diretório Nacional, apostando na articulação de nomes de peso para reverter o cenário. Até o último momento, lideranças como a prefeita de Contagem, Marília Campos, e o ex-ministro José Dirceu teriam engrossado o coro a favor da deputada. Mas não houve espaço para acordo.
Substituições e acusações
O clima esquentou com as denúncias de que cerca de 20 membros titulares do Diretório Nacional teriam sido substituídos às vésperas da votação, o que, segundo Dandara, foi decisivo para selar sua derrota interna. Em nota ao Regionalzão, a deputada afirmou:
“Lamentável que a reunião do Diretório Nacional tenha sido marcada pela substituição, de última hora, de cerca de 20 membros titulares, sem o consentimento dos mesmos, para garantir maioria para o campo político de oposição à nossa candidatura. Nós esgotamos todas as discussões nas instâncias partidárias, confirmando, através de um documento bancário, que o pagamento da referida dívida com o partido foi realizado, tornando apta a minha candidatura. Mas ficou nítido que a decisão hoje foi política, capitaneada por pessoas que apoiam a candidatura adversária à minha. Estamos analisando os próximos passos. Vamos lutar por justiça. Sigo acreditando que o PT deve ser um partido democrático e que nossas disputas devem ser de ideias e nas urnas.”
Aliados de Dandara não escondem a indignação. Nos bastidores, há quem fale em “puxada de tapete” dentro do partido, acusando setores ligados à deputada estadual Leninha, principal adversária de Dandara na disputa. Na última semana, documentos internos do PT circularam, indicando suposta dívida também no nome de Leninha — informação negada tanto pela direção estadual quanto pela equipe da parlamentar.
Feridas abertas ou costura política?
Apesar da tensão, parte dos petistas prega reconciliação e a grande pergunta agora é: as feridas causadas por essa disputa interna vão cicatrizar a tempo para manter o PT unido em Minas em 2026? Ou a exclusão de Dandara pode ter consequências duradouras sobre a unidade do partido?
Conteúdo faz parte da Coluna Poder, assinada por Adelino Júnior, que acompanha os bastidores da política no Triângulo Mineiro.
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