A aposentadoria de Mauri Torres do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG), oficializada nesta quinta-feira (25) pelo governador Romeu Zema (Novo), desencadeou uma movimentação intensa nos bastidores da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O cargo agora vago é um dos mais cobiçados da política mineira — não apenas pelo prestígio e estabilidade, mas também por suas implicações diretas na composição do Parlamento.
O ex-presidente da ALMG e do próprio TCE, Mauri, sai de cena aos 74 anos, após atingir o limite de idade permitido para o exercício do cargo. Sua saída não apenas abre espaço na Corte de Contas, como também levanta o alerta entre suplentes de deputado estadual que sonham com a vaga definitiva no Legislativo. Isso porque, caso um parlamentar em exercício seja escolhido para o TCE, o suplente da sua coligação assume o mandato de forma efetiva.
Suplentes de olho no presente pensando em 2026
Com um ano e meio faltando para as eleições, a possibilidade de assumir uma cadeira definitiva é vista como uma vantagem estratégica. Estar com mandato na mão é uma vitrine privilegiada para buscar a reeleição — com estrutura, visibilidade e articulação.
Entre os nomes ventilados para o TCE estão:
- Gustavo Valadares (PMN): caso suba, o primeiro suplente é João Júnior, também do PMN.
- Tito Torres (PSD): filho de Mauri Torres e, na avaliação de bastidores, o favorito à vaga. Caso ele assuma, quem pode subir é Renato Moura (PSD).
- Arnaldo Silva (União Brasil): com sua indicação, o ex-vereador Thiago Fernandes, suplente da sigla, pode assumir como deputado.
- Alencar da Silveira Júnior (PDT): caso avance ao TCE, a ex-vereadora Claudia Guerra, suplente da legenda, entra no páreo.

Como funciona a indicação ao TCE?
O TCE-MG é composto por sete conselheiros, sendo quatro indicados pela Assembleia Legislativa e três pelo governador do Estado — todos com aprovação do Legislativo. Quando uma vaga surge por aposentadoria, cabe à autoridade correspondente indicar um nome, que será sabatinado e aprovado pelos deputados estaduais. A escolha, no entanto, é eminentemente política, marcada por alianças, trocas de apoio e negociações partidárias. Quem assume precisa ter notório saber jurídico, contábil, econômico ou de administração pública, e mais de 10 anos de exercício profissional nessas áreas.
A sucessão no TCE movimenta o plenário e as bases
O fato de Mauri Torres ter sido, além de conselheiro, um dos políticos mais influentes da política mineira, com trânsito em diversas correntes, adiciona uma camada de complexidade à sucessão. A movimentação em torno de seu filho Tito é vista com desconfiança por opositores, que criticam o que chamam de “herança de cargo público“.
Enquanto isso, os suplentes trabalham nos bastidores, reforçando suas relações com líderes partidários e mostrando disposição para assumir, caso o xadrez se mova a seu favor.
É importante destacar que existem muitos trâmites internos nesse processo, incluindo articulações partidárias e até o retorno de políticos a antigas siglas para viabilizar um cargo de deputado. Por ora, não há nenhuma definição concreta — mas o jogo está longe de ser silencioso.
Essa análise integra a Coluna Poder, assinada por Adelino Júnior, que acompanha os bastidores da política no Triângulo Mineiro.