Uberlândia vive um paradoxo doloroso. a Polícia Militar suspendeu o atendimento via aplicativo Salve Maria, ferramenta lançada justamente para combater a violência contra a mulher com agilidade e discrição.
A deputada federal Ana Paula Leão (PP), autora da proposta que deu origem ao app em 2019, passou a pressionar publicamente o Governo de Minas para reverter a suspensão. Nas redes, no plenário e em ofício oficial encaminhado à Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, ela classificou o desligamento do serviço como “inadmissível”.
Ana Paula esteve reunida no dia 12 de abril com as vereadoras Gláucia da Saúde (PL), Janaína (PL), o vereador Abatenio (PP) e lideranças como Ana Maria, Fátima Catunda, Silvânia e Lúcia Medeiros, num movimento para unir forças contra a retirada do aplicativo do ar. A pauta é clara: retomar os atendimentos pela plataforma e garantir a segurança das mulheres, sobretudo em um momento crítico.

A justificativa oficial da PMMG é de que há necessidade de “alinhamento de procedimentos” e busca por um modelo de atendimento mais “organizado”, transferindo toda a demanda para o tradicional número 190. O problema, segundo Ana Paula, é que o Salve Maria não é apenas mais um canal de denúncia. Ele é um escudo digital contra a violência.
Ouça a Deputada:
Enquanto isso, movimentos sociais e instituições ligadas à defesa da mulher também se mobilizam. A tendência é que o tema vire pauta central nas próximas reuniões do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher e gere embates políticos mais acalorados na Câmara e na Assembleia.
E a Prefeitura, o que diz?
A resposta do Município veio em tom de cautela, mas com claro desconforto pela decisão da Polícia Militar. Em nota, a Prefeitura de Uberlândia confirmou que foi oficialmente comunicada pela PMMG sobre o fim do acompanhamento direto das denúncias feitas via aplicativo Salve Maria, inclusive aquelas acionadas pelo Botão do Pânico.
Segundo o comunicado do COPOM, a medida se baseia em uma “necessidade de alinhamento com os procedimentos internos da corporação”. Na prática, trata-se do rompimento unilateral de um convênio firmado em 2019, quando o app foi criado pela Prodaub, ainda na gestão de Odelmo Leão/Paulo Sérgio.
Para tentar conter o estrago, o Executivo informou que vai oficiar o comando da PM e o Governo de Minas, pedindo a reconsideração da decisão. “A ideia é restabelecer a parceria, que já se mostrou eficiente e salvou vidas”, destaca o texto.
Com mais de 13 mil downloads e mais de 1.000 atendimentos emergenciais desde sua criação, o Salve Maria deixou de ser apenas um aplicativo. Tornou-se símbolo de uma política pública que agora, sem a PM, corre o risco de se esvaziar.