Em nota oficial divulgada pelo presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, foi anunciada a chegada de Mateus Simões ao partido. O ato de filiação ocorrerá em Belo Horizonte, com presença de Zema, de lideranças estaduais e nacionais da legenda.
A transição de Simões — até então membro do Partido Novo — para o PSD encerra especulações de meses e indica que a base do governo em Minas prepara o terreno para a sucessão de Zema. Simões já havia afirmado que sua pré-candidatura para 2026 “está posta” dentro da base.
Bastidores da articulação e desafios internos
Nos bastidores, o PSD oferece vantagens estratégicas: maior tempo de propaganda eleitoral, capilaridade em nível municipal e o maior número de prefeitos em Minas — atributos valorizados por Simões e por Zema para garantir competitividade.
Entretanto, a filiação de Simões ao PSD não está isenta de embates. Dentro da legenda, já se cogitava a candidatura do senador Rodrigo Pacheco ao governo estadual, o que agora entra em tensão direta com o cronograma do vice-governador.
Além disso, pesquisas recentes indicam elevada rejeição a Simões: levantamento mostrou que cerca de 65% dos mineiros disseram que “não votariam de jeito nenhum” no vice-governador na disputa em 2026 — dado que impõe alerta à articulação.

Qual o impacto para Minas e para o projeto de 2026?
Com Zema impedido de concorrer à reeleição, o passo de Simões para o PSD aparece como parte de um desenho para preservar o espaço da “terceira via” de centro-direita em Minas. O receio no campo é evitar uma volta do Partido dos Trabalhadores ou de candidaturas tidas como “aventuras”.
No entanto, o cenário mostra complexidade: embora tenha o respaldo formal, Simões ainda figura com índice de intenção de voto modesto nas sondagens e sofre com o desgaste da alta rejeição. A questão que se impõe: será que a transferência de partido e o endosso de Zema serão suficientes para alterar a curva de popularidade a tempo da disputa?
Outra hipótese: caso Pacheco ou outras lideranças do PSD decidam disputar internamente, Minas pode assistir a uma disputa divisora dentro da legenda que fragilize o campo que busca a continuidade da base atual.
O que observar a partir daqui
• O evento de filiação em 27 de outubro será palco de articulações estaduais: presença de Kassab, de Zema e do deputado Cássio Soares, presidente estadual do PSD.
• A reação das demais candidaturas no campo da direita e centro-direita: nomes como o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) seguem em evidência e podem aproveitar o desgaste do vice-governador.
• A execução de patrimônio político por parte de Simões: converter o aval institucional em capital eleitoral, reduzir a rejeição e construir base além da máquina do governo serão tarefas centrais.
• A eventual divisão ou acomodação interna no PSD: como reagirá o partido com dois nomes potenciais para o governo estadual em Minas — Simões e Pacheco — e qual será o impacto para a coesão interna?
Para os observadores do cenário mineiro, a filiação de Simões marca mais do que a mudança de legenda: sinaliza um reposicionamento da base de poder do governo estadual, uma articulação para 2026 que começa agora e que exigirá da nova sigla e do pré-candidato uma performance política afinada.
“A convicção de quem sabe distinguir o que é mais importante para Minas neste momento”, afirmou Simões ao despedir-se do Novo.
Nos próximos meses, será decisivo acompanhar não apenas quem está com quem — mas quem move as peças, define alianças e garante espaços — porque Minas não está apenas olhando para 2026, mas já opera no tabuleiro.
Conteúdo faz parte da Coluna Poder, assinada por Adelino Júnior, que acompanha os bastidores da política no Triângulo Mineiro.
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