A mina de nióbio localizada em Araxá, considerada uma das mais valiosas do mundo, pode em breve deixar de ser patrimônio de Minas Gerais. Ela pode passar para o controle do Governo Federal. A mudança seria consequência da proposta do governador Romeu Zema (Novo). Ele pretende repassar à União uma série de ativos públicos estaduais como forma de abatimento da dívida do Estado com o Tesouro Nacional.
Entre os ativos listados no Programa de Pleno Pagamento da Dívida dos Estados (Propag) estão a Cemig, a Copasa, a Empresa Mineira de Comunicação (EMC) e, principalmente, a Codemig — Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais. É por meio da Codemig que o Estado detém participação em um dos negócios mais estratégicos do país: a exploração do nióbio em Araxá.
A Codemig é sócia da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), líder mundial na produção do mineral. Esse mineral é utilizado em ligas metálicas, turbinas de avião, indústria aeroespacial e tecnologias de ponta. Avaliada em cifras que variam entre US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões, a participação da estatal mineira nesse ativo estratégico chama a atenção por seu potencial econômico e geopolítico.
A proposta de Zema busca utilizar esses ativos para abater parte de uma dívida estadual que já ultrapassa R$ 160 bilhões. O plano, no entanto, levanta preocupações entre especialistas e lideranças políticas, que questionam a entrega de patrimônios estratégicos sem a devida transparência e debate público.
Ainda não há definição concreta sobre os termos dessa transferência. No entanto, o Governo Federal já demonstrou interesse na proposta. Esta ainda precisa de aval legislativo e técnico. Caso se concretize, a União passaria a controlar uma das maiores reservas de nióbio do planeta. Este é um insumo cada vez mais cobiçado por grandes potências internacionais.