
A deflagração da Operação Contenção, na última terça-feira (28/10), nos complexos da Complexo do Alemão e da Complexo da Penha, no Rio de Janeiro, reacende o alerta para Minas Gerais e, em especial, para o município de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. A operação, conduzida pelas polícias civil e militar cariocas, contabiliza 119 mortos, sendo 115 civis e quatro policiais.
Uberlândia no radar do crime
Segundo o Sindicato dos Policiais Penais de Minas Gerais (Sindppen-MG), há “presença expressiva” de integrantes da facção Comando Vermelho em unidades prisionais de Uberlândia, além de Juiz de Fora. O risco apontado: que, com a repressão no Rio de Janeiro, líderes ou integrantes da facção busquem refúgio em cidades mineiras — especialmente aquelas com infraestrutura prisional e menor visibilidade nacional.
“A expansão do Comando Vermelho em Minas preocupa. Com uma megaoperação no berço da facção no RJ, existe a hipótese concreta de migração para cidades mineiras”, afirmou o presidente do Sindppen-MG, Jean Otoni.
Falhas apontadas pelo Sindicato
Segundo Jean Otoni, a situação em Minas Gerais já apresenta fragilidades que agravam os riscos:
- O efetivo de policiais penais está em “cerca de 16 mil na ativa” — aproximadamente mil a menos do ideal, segundo o sindicato.
- Além disso, há denúncia de falta de valorização dos agentes e de recursos para segurança pública.
- “Nas unidades prisionais vimos conflitos com mortes envolvendo faccionados em Juiz de Fora, Uberlândia e Formiga”, declarou.
Risco na cadeia
Uberlândia, como polo regional no Triângulo Mineiro, reúne algumas características que a colocam em posição vulnerável diante desse cenário: presença de unidade prisional que recebe detentos de facções, localização estratégica para quem busca migrar a partir de operações em outros estados, e mobilização ainda inferior às grandes capitais. A conjunção desses fatores faz com que as autoridades locais e o órgão sindical alertem para a necessidade de antecipar ações preventivas.
O que diz o Estado
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp-MG) divulgou nota informando que todas as forças de segurança do estado “acompanham de perto” os desdobramentos da operação no Rio por meio de inteligência. Segundo o órgão, “a qualquer sinal de perigo, como casos de fugas de criminosos do estado vizinho para Minas Gerais, haverá acionamento das forças policiais”.


