A mama-cadela, fruta nativa do Cerrado brasileiro, tem despertado grande interesse na comunidade científica devido ao seu potencial nutricional. Com coloração entre amarelo e laranja e uma polpa doce e fibrosa, a fruta, ainda pouco conhecida pelo público, vem sendo estudada por suas propriedades benéficas à saúde.
Riqueza em Vitaminas
De acordo com estudos recentes, a mama-cadela apresenta altas concentrações de vitamina A, fibras e carotenoides.
Ela é um importante aliado para a saúde ocular, o fortalecimento do sistema imunológico e o bom funcionamento do intestino.
A nutricionista e professora da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Grazieli Pascoal, destaca que a falta de informações sobre a composição nutricional dessa fruta motivou sua pesquisa de pós-doutorado, voltada para a valorização de frutos nativos subaproveitados.
Estudos científicos
A Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP conduziu pesquisas e analisou amostras da fruta, coletando-as em Uberlândia e transportando-as para São Paulo. Os testes laboratoriais confirmaram que a mama-cadela é uma excelente fonte de vitamina A e C.
Tais vitaminas são essenciais para a visão, a imunidade e a absorção de ferro, além de fibras que favorecem a digestão e a saúde intestinal.
O Journal of the Brazilian Chemical Society divulgou os resultados, e a 24ª Semana Farmacêutica de Ciência e Tecnologia da USP os apresentou.
No evento, a professora de Uberlândia recebeu menção honrosa.
Valorização de alimentos nativos
Segundo o Ministério da Saúde, a deficiência de vitamina A pode comprometer diversas estruturas epiteliais, especialmente os olhos, além de impactar o crescimento e a manutenção das mucosas. Uma porção da fruta equivale a aproximadamente um quarto de laranja, suprindo até 18% da necessidade diária de vitamina C para mulheres adultas.
Diante desse potencial, a pesquisadora destaca a importância de promover políticas públicas para incentivar o cultivo e a comercialização da mama-cadela. Atualmente, a baixa demanda faz com que pequenos agricultores priorizem cultivos mais rentáveis.
Paralelamente, Grazieli participa do desenvolvimento da Tabela de Composição de Alimentos Regionais e da Biodiversidade Brasileira.
O trabalho é realizado em parceria com o Centro de Incubação de Empreendimentos Populares Solidários (Cieps) da UFU. O projeto visa catalogar alimentos nativos do Cerrado e estimular sua inclusão na alimentação cotidiana dos brasileiros.