O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, 69, foi eleito nesta quinta-feira (8) como o novo papa da Igreja Católica. Ele se torna o primeiro pontífice oriundo dos Estados Unidos. Ele adotará o nome de Leão 14, em referência ao papa Leão 13 (pontificado entre 1878 e 1903), símbolo de renovação social e abertura ao mundo moderno.
Conclave
A escolha foi anunciada no Vaticano após o Conclave que reuniu 133 cardeais. Prevost, que atuava como prefeito do Dicastério para os Bispos, sucede o argentino Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco. Ele renunciou ao cargo em março por motivos de saúde.
A eleição de um papa norte-americano rompe com uma tradição informal da Igreja Católica, que historicamente evitava eleger representantes dos EUA. A preocupação envolvia as implicações geopolíticas de ter um líder religioso global vindo da maior potência econômica e militar do planeta.
Pastor de duas pátrias
Prevost, no entanto, tem um histórico que suaviza essa percepção. Conhecido como “pastor de duas pátrias”, passou parte de sua vida no Peru, onde atuou como missionário nos anos 1980. Fluente em espanhol e com sólida experiência na América Latina, ele aparece para setores da Cúria como um nome de perfil internacional e conciliador.
No Vaticano, Prevost era responsável por uma das áreas mais sensíveis da estrutura eclesiástica: a nomeação de bispos. No cargo, ganhou influência ao redor do mundo, sendo considerado um dos principais articuladores da gestão de Francisco dentro da Santa Sé.
Formação
Sua formação na Ordem de Santo Agostinho e sua vivência pastoral o aproximam da vertente progressista do catolicismo americano. Ele defende maior atenção da Igreja a temas como imigração, justiça social e diálogo inter-religioso. Setores carismáticos, que ganham força especialmente nas Américas, também demonstram simpatia por ele.
Durante sua passagem pelo Dicastério, Prevost esteve envolvido em processos de apuração de casos de abuso sexual na Igreja. A condução de alguns desses casos foi alvo de críticas internas. Contudo, seu comprometimento com reformas e sua postura firme diante de escândalos fortaleceram seu nome. Seu apoio veio dos cardeais mais alinhados ao legado de Francisco.
Em entrevista ao site oficial do Vaticano antes da eleição, Prevost sintetizou sua visão sobre a missão episcopal: “O bispo deve ser humilde, caminhar com o povo, sofrer com ele e viver o Evangelho em sua realidade concreta.”