
O Triângulo Mineiro voltou ao centro do debate energético com a inclusão de um gasoduto de transporte entre Iacanga (SP) e Uberaba no Plano Nacional Integrado das Infraestruturas de Gás Natural e Biometano (PNIIGB). O projeto, estimado em R$ 3,145 bilhões, foi colocado em consulta pública pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) nesta segunda-feira (29).
A iniciativa faz parte de um pacote de 13 empreendimentos considerados prioritários pelo governo federal para ampliar a oferta de gás natural e biometano, mitigar gargalos logísticos e expandir a malha de gasodutos no país. Somados, os investimentos previstos chegam a R$ 42 bilhões.
O gasoduto que liga Iacanga a Uberaba terá 260 km de extensão e capacidade de transporte de até 6 milhões de m³/dia. Segundo a EPE, a rota foi escolhida como alternativa ao projeto Brasil Central, concebido nos anos 2000 para ligar São Carlos (SP) a Brasília (DF), via Triângulo Mineiro, mas que nunca saiu do papel.
De acordo com a estatal, a opção por Uberaba está ligada ao potencial de biometano na região Noroeste paulista e à possibilidade de conectar novos municípios ao sistema integrado de gasodutos. A expansão até o Distrito Federal, avalia a EPE, ainda depende de estudos adicionais sobre demanda e oferta.
A interiorização do gás é também uma promessa política. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), já defendeu que parte do gás da União seja destinada ao polo gás-químico do Triângulo Mineiro.
Além do eixo Uberaba, Minas Gerais aparece em outro projeto do PNIIGB: a construção de um gasoduto de 30 km entre Bragança Paulista (SP) e Extrema (MG), com investimento de R$ 200 milhões pela Nova Transportadora do Sudeste (NTS). O objetivo é atender a demanda da indústria local e apoiar futuras expansões da Gasmig.
Integração regional e internacional
Outros projetos do plano incluem a instalação de dois hubs de biometano e a conclusão do gasoduto de integração com a Argentina, que deve ligar Uruguaiana (RS) a Triunfo (RS) em um traçado de quase 600 km. O investimento previsto para essa obra é de R$ 8,9 bilhões.
A diretora de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE, Heloísa Borges, afirmou em entrevista ao videocast Gas Week que a integração com a Argentina será um dos eixos estratégicos do PNIIGB. O objetivo é diversificar as fontes de fornecimento e reforçar a segurança energética do Brasil, em especial na região Sul.
O plano será submetido à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que poderá ofertá-lo ao mercado por meio de processo seletivo público.


