Poucos temas despertam tanta especulação quanto relatos de Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs). Agora, Uberaba, no Triângulo Mineiro, entra oficialmente para essa narrativa: dois episódios envolvendo a cidade foram incluídos em uma nova leva de documentos divulgados pelo Arquivo Nacional, que reúne quase 900 registros do tipo no Brasil.
Os casos ocorreram em 1986 e em 2023, ambos reportados por tripulações de voos comerciais em operação no espaço aéreo mineiro. Os documentos, antes reservados, agora integram o fundo “BR DFANBSB ARX – Objeto Voador Não Identificado” e estão disponíveis no Sistema de Informações do Arquivo Nacional (SIAN), acessível mediante login com conta Gov.br.
O primeiro episódio remonta a 19 de agosto de 1986, quando ao menos três aeronaves comerciais reportaram ao controle aéreo objetos luminosos em rota entre os estados de Goiás, São Paulo, Distrito Federal e Minas Gerais. Às 22h35, a tripulação do voo PT-EFC, que voava de Goiás a São Paulo, relatou ter avistado uma luz intensa cerca de 10 milhas náuticas e mil pés acima da aeronave. Às 23h48, já sobre Uberaba, foi a vez do voo TF 585, vindo de Brasília com destino a Ribeirão Preto, registrar um objeto semelhante — segundo o relato, a luz os seguia, mudando de posição verticalmente.
A repetição dos relatos levou o controle de aproximação de Uberaba (APP-UR) a acionar o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra) e o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta). Minutos depois, o objeto desapareceu, alterando sua cor de branca para alaranjada, segundo a documentação.
No mesmo período, o voo PT-JTZ, com previsão de entrada no espaço aéreo de Uberaba às 22h56, também registrou atividade anômala. O piloto relatou ter perdido contato com o Centro de Controle de Brasília (ACC-BS) e afirmou ter visto um objeto redondo, branco e de grande luminosidade, que emitia feixes de luz em sua direção. O relatório não confirma se o episódio ocorreu na mesma noite dos anteriores, mas todos constam no mesmo conjunto de documentos.
Décadas depois, um novo episódio voltou a projetar Uberaba no radar dos entusiastas e pesquisadores do tema. Na madrugada de 2 de maio de 2023, por volta das 3h50, a tripulação do voo AZU 4341, da Azul Linhas Aéreas, reportou à Aeronáutica a presença de dois objetos não identificados entre Uberaba, Uberlândia e Araxá. A aeronave voava a 34 mil pés (cerca de 10,3 mil metros) quando os pilotos observaram os objetos realizando manobras consideradas incompatíveis com aeronaves convencionais, subidas, descidas e deslocamentos laterais, tudo em silêncio.
Segundo a ficha oficial do Comando da Aeronáutica, os objetos eram brancos, com luzes cuja intensidade variava. A tripulação não conseguiu identificar o formato exato dos corpos. Um vídeo curto foi registrado, mas não foi disponibilizado ao público. A altitude máxima estimada dos objetos foi de 39 mil pés.
A divulgação dos documentos estava originalmente prevista para o dia 13 de junho de 2025, mas foi antecipada sem aviso prévio. A medida surpreendeu até especialistas que monitoram o tema.
O Arquivo Nacional reforça que os relatos não foram validados oficialmente. Os documentos reproduzem comunicações operacionais e testemunhos não analisados, e muitos dos casos podem ter explicações convencionais. Ainda assim, episódios como os registrados em Uberaba seguem alimentando o imaginário popular, e mantêm abertas as possibilidades sobre o que realmente se passa nos céus do Brasil.
