Um levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV) revela que Minas Gerais foi o estado mais afetado do país pelo chamado “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos. Somente em setembro, o impacto das novas tarifas resultou em perdas de U$ 236 milhões nas exportações mineiras — o maior prejuízo absoluto entre todas as unidades da federação.
Embora outros estados tenham registrado percentuais de queda maiores nas exportações, Minas Gerais lidera em valor total perdido, seguida por Santa Catarina, com aproximadamente U$ 95,9 milhões em perdas.
De acordo com o economista Flávio Ataliba, pesquisador da FGV, dois fatores explicam o impacto mais severo sobre o estado: a forte concentração da pauta exportadora em poucos produtos e a dependência de mercados específicos, especialmente os Estados Unidos.
O estudo mostra que a pauta mineira é dominada por três produtos principais — café, ferro fundido e ferronióbio. O café foi diretamente atingido pelas novas tarifas, enquanto o ferro fundido já vinha sofrendo pressões tarifárias anteriores, o que ampliou o efeito negativo no desempenho do setor externo mineiro.
A análise da FGV leva em conta três aspectos: o efeito agregado nas exportações, o “colchão” de produtos isentos e o núcleo diretamente afetado pelas sobretaxas. No caso de Minas, o peso das exportações concentradas em poucos itens e destinos fez com que o impacto financeiro fosse amplificado.
“Isso sinaliza a importância de um estado rico como Minas Gerais diversificar sua pauta exportadora. Quando há muita concentração, o risco de perdas é elevado diante de choques externos”, destacou Ataliba.
O resultado reforça o alerta para a necessidade de diversificação da pauta e dos mercados internacionais como estratégia para reduzir a vulnerabilidade econômica do estado diante de variações tarifárias globais.


