O iFood, maior aplicativo de delivery da América Latina, está se reposicionando para além das entregas. Sob o comando do uberabense Diego Barreto, atual CEO da companhia, a empresa mira agora um novo horizonte: tornar-se um banco comercial.
Em entrevistas recentes, Barreto revelou que a iFood pretende integrar serviços financeiros, crédito e pagamentos em seu ecossistema e consolidar-se como uma plataforma financeira completa. A meta é clara: transformar-se, até os próximos três anos, numa instituição capaz de oferecer conta digital, empréstimos e soluções financeiras a restaurantes, entregadores e usuários.
“O iFood já é um grande operador de pagamentos. O próximo passo é consolidar essa operação como parte de um sistema financeiro completo”, afirmou Barreto em entrevista ao jornal O Globo, reproduzida pelo InfoMoney.
De Uberaba para o comando de um gigante
Natural de Uberaba, no interior de Minas Gerais, Diego Barreto construiu uma trajetória que une gestão, inovação e finanças. Antes de assumir o comando da iFood em 2024, ele foi vice-presidente de Finanças e Estratégia (CFO) da empresa e tornou-se um dos principais responsáveis pela transformação digital do grupo.
Barreto também é autor de livros sobre empreendedorismo e inovação e tem se destacado como uma das vozes mais influentes do novo capitalismo digital brasileiro.
Um iFood além do delivery
A transformação em banco comercial faz parte de um movimento mais amplo de integração tecnológica e financeira. A iFood planeja ampliar sua atuação com:
- Contas digitais próprias, integradas ao aplicativo, para pagamentos e recebimentos instantâneos;
- Linhas de crédito e antecipação de recebíveis para restaurantes e entregadores;
- Parcerias com instituições financeiras para expandir serviços de investimento e crédito;
- Integração com o mercado físico, permitindo que lojistas usem as ferramentas da iFood fora do ambiente online.
Segundo Barreto, “a plataforma já possui dados, fluxo financeiro e base de usuários suficiente para operar como banco, mantendo a eficiência e a proximidade com quem movimenta a economia real”.
O desafio de virar banco
A transformação em banco comercial exigirá do iFood uma estrutura regulatória robusta — autorização do Banco Central, governança e capital mínimo compatível com o setor. Além disso, a empresa enfrentará concorrência direta de fintechs e bancos digitais como Nubank, Inter e C6 Bank.
Mesmo assim, analistas veem vantagem competitiva: a base de milhões de usuários e o relacionamento direto com pequenos empreendedores dão ao iFood um alcance que poucos bancos possuem.
Uma aposta de longo prazo
De acordo com o CEO, o plano é gradual:
- Consolidar as operações de pagamento e crédito já em curso;
- Criar um sistema de conta digital interna;
- Ampliar os serviços financeiros para lojistas e entregadores;
- Obter, finalmente, a licença bancária junto ao Banco Central.
Barreto resume a visão:
“Não queremos apenas entregar comida. Queremos entregar oportunidades financeiras.”


