O modelo Free Flow, também conhecido como pedágio eletrônico sem cabines, vem ganhando destaque como alternativa para modernizar a cobrança em rodovias. Diferente do sistema tradicional – que exige que os motoristas parem em praças de pedágio – o Free Flow utiliza tecnologias de leitura óptica de placas e etiquetas eletrônicas (TAG) para identificar os veículos e cobrar automaticamente a tarifa, permitindo o fluxo contínuo do trânsito.
Como funciona o Free Flow
No sistema Free Flow, a identificação do veículo é feita por meio da leitura da placa ou da TAG instalada no para-brisa. Essa tecnologia elimina a necessidade de paradas para pagamento, agilizando a circulação e reduzindo pontos de congestionamento. Além disso, o modelo pode oferecer benefícios como descontos progressivos para usuários frequentes, que passam repetidamente pelo mesmo trecho durante um determinado período.
Problemas relatados em outros estados
A implementação do Free Flow no Rio de Janeiro e em São Paulo tem gerado uma série de problemas. Em ambos os estados, a adoção do sistema resultou em dificuldades para os motoristas, que frequentemente enfrentam cobranças automáticas sem o devido esclarecimento, ocasionando multas elevadas e complicações no processo de quitação das tarifas. Esses transtornos evidenciam que, embora o Free Flow traga avanços tecnológicos, sua aplicação sem uma infraestrutura de suporte adequada pode prejudicar o fluxo e gerar insatisfação entre os usuários.
Apresentação na audiência pública e o slide da ANTT
Durante a audiência pública realizada em Uberlândia, ficou evidente que o Free Flow estava entre os temas abordados na apresentação da Ecovias do Cerrado. Em um dos slides, a concessionária expôs detalhes técnicos e operacionais do sistema, demonstrando a intenção de modernizar a cobrança nas rodovias concedidas. Essa exposição reacendeu críticas, especialmente à luz dos problemas já registrados em outros estados.

Aplicação no Triângulo
No Triângulo Mineiro, especialmente em Uberlândia, o debate sobre a implantação do Free Flow tem se intensificado. A modernização dos contratos de concessão das rodovias, que incluem trechos das BRs 365 e 050, contempla a possibilidade de integrar áreas urbanas ao sistema. Contudo, a cobrança nessas zonas é motivo de grande controvérsia. Um dos pontos sensíveis diz respeito ao Anel Viário de Uberlândia, cuja inclusão no contrato de concessão – com a manutenção da isenção de pedágio – é defendida para evitar impactos negativos na mobilidade urbana e no acesso a serviços essenciais.
Audiência Pública: Debates e Impactos
Foram discutidas várias melhorias durante a audiência pública, e o Free Flow estava entre elas. Representantes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), concessionárias e membros da sociedade civil se reuniram para avaliar tanto os aspectos tecnológicos quanto os impactos sociais e logísticos da proposta. A agilidade no tráfego e a diminuição dos congestionamentos foram apontadas como vantagens, enquanto a falta de interação direta com o motorista, o risco de multas automáticas sem aviso prévio e os problemas operacionais já vivenciados no Rio e em São Paulo despertaram fortes preocupações.
A posição da Prefeitura e a nota oficial
A Prefeitura de Uberlândia manifestou-se contrária à cobrança de pedágio em áreas urbanas. Em documento protocolado durante a audiência, a administração municipal, juntamente com representantes da sociedade civil, destacou que a cobrança nessas áreas – como os trechos que compõem o Anel Viário e outras vias de acesso importantes – pode restringir o direito de ir e vir da população, prejudicando principalmente estudantes, trabalhadores e pacientes. Importa salientar que, embora o debate envolva a discussão sobre o Free Flow, a posição oficial da Prefeitura se concentra na oposição à cobrança de pedágio em áreas urbanas, sem mencionar especificamente o sistema.
O papel dos deputados
Os deputados Weliton Prado (federal) e Elismar Prado (estadual) se posicionaram de forma crítica em relação à proposta de cobrança do Free Flow. Eles alertaram que o modelo, ao eliminar o atendimento presencial e adotar a cobrança automática, pode onerar os cidadãos com multas e tarifas elevadas, especialmente se o pagamento não for realizado dentro do prazo estipulado. Segundo os deputados, a cobrança automática pode aumentar o custo de deslocamento para os moradores e agravar a desigualdade, prejudicando aqueles que dependem do transporte diário para suas atividades essenciais.

Perspectiva do setor: 2025, o ano do Free Flow
Em meio aos debates, o diretor da EcoRodovias destacou que 2025 será o ano do Free Flow. Segundo suas declarações, o novo sistema tem potencial para revolucionar a cobrança de pedágio em rodovias, contribuindo para a modernização e a melhoria na fluidez do trânsito.
Este é um trecho original publicado em Exame.com. Leia a matéria completa em Exame.com.
Conclusão
O Pedágio Free Flow representa uma evolução tecnológica que pode transformar a forma como se cobra pedágio nas rodovias, promovendo maior fluidez e segurança no trânsito. No entanto, a experiência de estados como Rio de Janeiro e São Paulo, marcada por inúmeros problemas operacionais e reclamações dos usuários, evidencia que a implementação do sistema deve ser acompanhada de uma infraestrutura robusta e de medidas de suporte para evitar transtornos.
No contexto do Triângulo Mineiro, a discussão se torna ainda mais acirrada, especialmente com a inclusão do Anel Viário de Uberlândia no debate e a apresentação do Free Flow durante a audiência pública. Enquanto os defensores do modelo enfatizam a modernização e a eficiência – com o setor apontando 2025 como o ano decisivo –, as críticas, sobretudo da Prefeitura e dos deputados locais, reforçam a necessidade de guardar o direito de ir e vir dos cidadãos e evitar a oneração excessiva dos usuários. A discussão segue em aberto, com os próximos passos dependendo dos encaminhamentos dos órgãos responsáveis e das demandas da população.
O mais importante é que a própria Ecovias do Cerrado não descarta a possibilidade de cobrança extra, pois só faria sentido assumir e administrar o Anel Viário de Uberlândia se houvesse um ganho financeiro.