
O mercado de trabalho em Uberlândia encerrou setembro de 2025 com saldo positivo de 956 vagas formais, segundo o Boletim Mensal do Emprego, elaborado pelo Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-Sociais (CEPES) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O número representa uma recuperação após dois meses consecutivos de retração: -108 vagas em julho e -57 em agosto.
A retomada, no entanto, foi puxada principalmente por microempreendimentos e concentrada em faixas etárias mais jovens, o que indica uma recomposição do mercado baseada em ocupações de menor remuneração e em perfis de entrada.
Micro e pequenos negócios lideram geração de empregos
O saldo positivo de setembro foi impulsionado por Microempreendedores Individuais (MEIs) e Microempresas, que responderam por 867 das 956 vagas criadas. No mesmo período, empresas de pequeno porte registraram leve queda, com saldo negativo de quatro vagas, enquanto grandes empresas fecharam 39 postos de trabalho.
O padrão se repete no acumulado dos últimos 12 meses (outubro de 2024 a setembro de 2025), quando os MEIs e Microempresas somaram 5.657 novas vagas, em contraste com reduções de 1.566 em pequenas empresas e 1.309 em grandes companhias.
Jovens concentram novas contratações
A abertura de vagas em setembro foi mais expressiva entre jovens de até 29 anos, com destaque para o grupo de 18 a 24 anos, responsável por 417 contratações líquidas. Em seguida vêm os menores de 17 anos (+229) e os trabalhadores entre 25 e 29 anos (+212).
A faixa de 60 anos ou mais foi a única a registrar resultado negativo, com 17 vagas a menos no mês.
Menor salário médio entre os que mais contratam
Os dados do boletim apontam uma relação inversa entre o porte das empresas que mais contratam e o salário médio de admissão.
Empreendimentos menores, responsáveis pela maior parte das novas vagas, ofereceram salário médio de R$ 2.025, enquanto as grandes empresas, que apresentaram fechamento líquido de postos, registraram média de R$ 2.481.
Segundo o levantamento, a expansão do emprego no município tem ocorrido em setores de menor remuneração inicial, o que reflete uma recuperação ainda desigual entre os segmentos produtivos.
Diferenças de gênero persistem
O estudo mostra também que homens concentraram a maior parte das novas contratações em setembro (643 vagas), enquanto mulheres responderam por 313.
Além da diferença no volume de vagas, o CEPES destaca que a disparidade salarial entre gêneros aumenta em cargos que exigem maior escolaridade. O boletim aponta uma “desigualdade persistente na remuneração de entrada para posições mais qualificadas”, indicando que o nível educacional ainda não é suficiente para igualar salários entre homens e mulheres.
Panorama e metodologia
O Boletim Mensal do Emprego é produzido pelo CEPES, órgão vinculado ao Instituto de Economia e Relações Internacionais (IERI) da UFU, com base em microdados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Os dados, ajustados até setembro de 2025, refletem as declarações formais das empresas e permitem acompanhar a dinâmica recente do mercado de trabalho em Uberlândia, uma das principais economias do interior do país.


