Cerca de metade dos R$ 30 bilhões previstos na renovação antecipada da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) será aplicada em Minas Gerais. A informação é da diretora-executiva Jurídico, Regulatório e GRC da VLI Multimodal, Joyce Andrews. A empresa é a concessionária da maior malha ferroviária do país, com 7.220 km de extensão.
Aportes
Do total de aportes, a VLI vai destinar R$ 5 bilhões ao pagamento da outorga e compensações. A empresa também investirá R$ 24 bilhões em infraestrutura e na aquisição de material rodante, como vagões e locomotivas. Desse montante, ao menos R$ 10 bilhões devem ir exclusivamente para o estado mineiro, segundo a executiva.
“Hoje, a VLI tem 70 clientes, sendo 40 em Minas Gerais. É um volume bastante relevante, que também fomenta o crescimento de dois segmentos muito importantes para nós e para o estado: o agronegócio e a siderurgia”, afirmou Andrews. A expectativa da companhia é que a assinatura do novo contrato ocorra até o primeiro semestre de 2025.
Corretor leste
A importância do corredor leste da FCA, que começa no Triângulo Mineiro e vai até Sete Lagoas, na região central do estado, impulsiona o investimento bilionário em Minas Gerais. A partir dali, a operação segue pela Estrada de Ferro Vitória-Minas, por meio de direito de passagem, até o Porto de Tubarão, em Vitória (ES).
A VLI vai direcionar outros R$ 2 bilhões ao corredor sudeste da ferrovia, que corta vários estados e tem como destino o Porto de Santos (SP). A empresa ainda prevê investir R$ 190 milhões em 80 obras para resolução de conflitos urbanos em 25 municípios mineiros atravessados pela ferrovia.
A proposta de renovação da concessão da FCA será submetida a consultas públicas nos municípios afetados. Em Minas Gerais, a audiência está marcada para 30 de setembro.
Com a renovação, a VLI prevê um aumento de 46% no volume total de cargas transportadas pela FCA. Em 2024, a ferrovia respondeu por 65,3% das 61,2 milhões de toneladas movimentadas em toda a malha operada pela companhia. Em Minas, onde se concentra a maior parte da operação da FCA, a expectativa é que a capacidade salte das atuais 35,8 milhões para 47,3 milhões de toneladas — alta de 32%.
Segundo Andrews, os estudos de demanda indicam que a expansão do agronegócio e da siderurgia no estado deve sustentar o aumento. “No estado, o crescimento do agronegócio é muito superior à média nacional. Por isso, Minas Gerais é muito importante para o nosso negócio”, afirmou.
Frota
Nos últimos anos, a VLI também vem reforçando sua frota. Em 2024, adquiriu 12 locomotivas da Wabtec Brasil, cuja fábrica fica em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, por R$ 300 milhões. A VLI também comprou oito locomotivas da Progress Rail, produzidas em Sete Lagoas, por cerca de R$ 170 milhões.
A executiva afirma que a aquisição dos novos equipamentos visa atender à demanda crescente e que, ao longo do novo ciclo de concessão, a VLI poderá comprar mais de 300 locomotivas. “Nós prevemos adquirir muito mais locomotivas após a renovação. Estamos em tratativas com o governo federal para definir o número exato”, disse.
A VLI vê a renovação antecipada da FCA como estratégica para ampliar a eficiência logística no país e reduzir a dependência do transporte rodoviário.A VLI opera, além da FCA, trechos das ferrovias Norte-Sul e Vitória-Minas, conectando os principais polos de produção do país a portos importantes do Sudeste e do Norte.
