O Centro de Pesquisas Econômico-Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (Cepes/UFU), vinculado ao Instituto de Economia e Relações Internacionais (IERI), publicou o “Boletim de Dados Populacionais: Estimativas 2021 – Municípios e Regiões Geográficas Intermediárias de Uberlândia, Uberaba e Patos de Minas no Triângulo Mineiro”. No documento, de autoria dos economistas Luiz Bertolucci, Ana Clara Tenório e Marília Fabiano Sagula, são atualizadas as informações populacionais, por meio de comparações dos Censos Demográficos de 2000 e 2010, com a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2021.
O boletim, divulgado na última quinta-feira (30/12), indica que, no período de 2010 a 2021, as regiões intermediárias de Uberlândia e Uberaba apresentaram ritmo de crescimento médio anual estimado de 1,11% ao ano e de 1,34%, respectivamente. As elevações são maiores do que a de Minas Gerais, de 0,81%, e do Brasil, de 1,03%, enquanto que a de Patos de Minas, de 0,83%, cresceu de maneira “menor e mais gradual”, assim como o Estado e o país.
A cidade com maior taxa de crescimento, no mesmo período, é Pirajuba, com 3,1% ao ano, que tem a população estimada em 6.491 habitantes. Por outro lado, o município mais populoso, dentre os analisados, é Uberlândia, com a população estimada em 706.597 e com aumento populacional de 1,45% por ano, podendo atingir a marca de um milhão de habitantes até 2050, caso siga com a mesma taxa de crescimento.
Segundo Bertolucci, desde os anos 1990 já foram observadas altas taxas de urbanização no país e menos pessoas vivendo no campo, e as maiores cidades no Triângulo Mineiro continuarão pressionando o aumento demográfico de seus respectivos municípios.
“O país vive um momento de maior população nas idades jovens e adultas, população esta que busca a cidade desejando educação em todos os níveis, mas também universidades; que busca mercado de trabalho robusto e também melhores condições de habitação, saúde, entre outras necessidades básicas. É provável que cidades grandes, como Uberlândia e Uberaba, continuarão crescendo acima da média brasileira, demandando políticas públicas consistentes que garantam qualidade de vida para seus residentes”, explicou o economista Luiz Bertolucci.
REGIÕES INTERMEDIÁRIAS
No Censo de 2000 já se observava que o volume populacional do polo Uberlândia concentrava 54,2% do total da população residente na Região Geográfica Intermediária de Uberlândia, saltando para 57,2%, conforme o Censo de 2010, e sendo estimado em 2021 para quase três quintos do contingente total de habitantes nas 24 cidades da região residentes apenas no município polo. Ainda de acordo com as estimativas, o número de habitantes da região mais populosa, dentre as três analisadas, teve um aumento de 134.869 habitantes desde 2010, dos quais, 102.584 habitantes se encontram no município polo (Uberlândia) e apenas 32.285 nas demais cidades que a compõem.
Para a Região Geográfica Intermediária de Uberaba, foi observado um crescimento populacional contínuo, com o município polo (Uberaba) abrigando 340.277 habitantes, que representam 41% do contingente populacional da região. Conforme a publicação do Cepes/UFU, neste caso são as cidades menores que ditam o ritmo do crescimento demográfico, com os maiores ritmos de crescimento sendo registrados no conjunto dos municípios com população entre 10 mil e 20 mil residentes (1,7% ao ano).
Na Região Geográfica Intermediária de Patos de Minas apenas 18,5% da população residem no município polo (Patos de Minas), com as estimativas para 2021 apontando uma maior dispersão populacional. Em cinco das 34 cidades desta região foi constatada uma diminuição do contingente populacional de 2010 a 2021, enquanto que nas outras duas regiões foram registradas quedas em apenas duas cidades, com destaque para a maior baixa na taxa de crescimento em Gurinhatã, com percentual de -0,97% ao ano, localizada na Região Geográfica Intermediária de Uberlândia.
QUEDA DA TAXA DE FECUNDIDADE
Apesar dos ganhos populacionais quando comparados os períodos de 2000/2010 e 2010/2021, observa-se, também, uma desaceleração em relação ao ritmo de crescimento anual da população residente. “Com a maior inserção das mulheres no mercado de trabalho, inclusive com acesso a melhores níveis de educação e capacitação, as mulheres passaram a liderar com maior intensidade famílias, tendo maior independência em suas decisões. Além disso, a taxa de fecundidade caiu, e continua caindo. Ela está abaixo de dois filhos por mulher; ou seja, o número de nascidos vivos não repõe os casais, o que impacta para a queda da taxa de crescimento da população”, salienta Bertolucci.
IMPORTÂNCIA DO CENSO DO IBGE
Apesar da importância dos dados estimados, conforme o pesquisador do Cepes, é possível que as estimativas estejam subestimadas para o Triângulo Mineiro, pois tradicionalmente os municípios nesta região recebem muito imigrantes e um menor número de emigrantes sai para o restante do país. Ele afirma que, somente com o Censo Demográfico realizado pelo IBGE, será possível confirmar as estimativas e obter os detalhamentos de nascimentos, mortes, migrações, economia familiar e outras variáveis.
“É uma pesquisa que deveria ser realizada pelo menos decenalmente, em períodos completos, preferencialmente no mesmo mês de referência. Se possível, deveria ocorrer de cinco em cinco anos. Já estamos atrasados em dois anos, impedindo que estimativas corretas sejam feitas, para que se possa planejar projetos e políticas consistentes, pois já temos 12 anos sem saber a dinâmica demográfica e socioeconômica brasileira”, reiterou.
“Nossa equipe de pesquisadores do Cepes está aguardando, avidamente, a publicação dos dados censitários para que possamos empreender estudos que contemplem as diversas variáveis demográficas considerando as enormes desigualdades entre pessoas, famílias e domicílios. Não somente boletins, mas, com os resultados do Censo, teremos publicações e estudos aprofundados sobre a realidade vivida pela população de nossa região, em relação às demais regiões brasileiras”, finalizou Bertolucci.