Um homem de 43 anos, que se apresentava como “líder religioso”, foi condenado a 49 anos de prisão em regime fechado por crimes sexuais contra crianças, adolescentes e mulheres em Frutal, no Triângulo Mineiro.
Ele foi acusado de estupro, estupro de vulnerável, violação sexual mediante fraude e importunação sexual, envolvendo pelo menos 10 vítimas.
O caso, que tramitou em segredo de Justiça, foi conduzido pela Polícia Civil (PCMG) e divulgado pelo delegado Bruno Geovannini de Paulo, responsável pelas investigações.
O acusado foi preso em 29 de agosto do ano passado, após denúncias de que ele cometia abusos sexuais sob o pretexto de práticas religiosas.
A vítima mais nova tinha apenas nove anos na época dos crimes. Segundo as investigações, ele se aproveitava de sua posição de líder espiritual para manipular e coagir as vítimas, chegando a usar uma arma de fogo para intimidá-las.
Investigação detalhada e abordagem sensível
O delegado Bruno Geovannini de Paulo destacou que o caso exigiu um trabalho minucioso e dedicado da equipe policial. Ele ressaltou o papel fundamental das policiais mulheres, que demonstraram sensibilidade e preparo ao lidar com as vítimas. “A participação das policiais foi essencial para o sucesso das investigações. Elas tiveram a sensibilidade necessária para acolher as vítimas e conduzir os depoimentos de forma adequada”, afirmou.
As primeiras denúncias surgiram de mulheres que se sentiram seguras para relatar os abusos à equipe feminina da Polícia Civil.
A partir desses relatos, os policiais realizaram uma série de diligências, incluindo quebras de sigilo, buscas e prisões, que permitiram reunir provas consistentes para a denúncia do Ministério Público. “Conseguimos comprovar os fatos de forma robusta, o que resultou na condenação”, explicou Geovannini.
Rituais exclusivos e manipulação religiosa
De acordo com as investigações, o acusado realizava rituais em um espaço reservado, chamado “quarto do sigilo”, onde cometia os crimes. Nesse local, ele utilizava elementos intimidatórios, como imagens e símbolos, para coagir as vítimas.
Durante os rituais, ele alegava incorporar espíritos e exigia relações sexuais como parte das cerimônias, prometendo que os desejos das vítimas seriam atendidos. “Ele manipulava as vítimas, usando a fé como justificativa para os abusos”, explicou o delegado.
O suspeito mantinha um centro religioso frequentado por diversas pessoas, mas selecionava um grupo específico, denominado “grupo do sigilo”, para participar de rituais exclusivos.
Nessas ocasiões, ele cobrava valores pelos cerimoniais e, segundo as investigações, aproveitava a situação para cometer os crimes sexuais. “Descobrimos que ele abusava de crianças, adolescentes e mulheres durante esses rituais, sob o pretexto de práticas espirituais”, complementou Geovannini.