Um militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) afirma ter sido sequestrado, torturado e baleado por policiais militares de Uberaba, no Triângulo Mineiro. Segundo ele, as agressões ocorreram em duas ocasiões, nos dias 30 de abril e 17 de maio.
1ª denúncia
Na primeira, ele e a esposa retornavam de uma reunião do movimento no bairro Alfredo Freire IV quando foram abordados por uma viatura da Polícia Militar. No carro também estavam um bebê de 4 meses, uma criança de 3 anos e uma idosa.
De acordo com o relato, os policiais teriam usado spray de pimenta contra os passageiros e retirado o casal à força do veículo. Os policiais levaram o casal separadamente e os mantiveram sob custódia das 20h até a madrugada seguinte.
O homem afirma que os agentes o conduziram até um canavial, onde o espancaram, quebraram uma de suas costelas e aplicaram choques elétricos em sua região genital. Segundo ele, os policiais levaram sua esposa a um posto na rodoviária da cidade e a agrediram no rosto. Ambos relatam que os agressores proferiram insultos xenofóbicos por serem naturais do Maranhão.
2ª denúncia
No segundo episódio, no dia 17 de maio, uma viatura perseguiu o militante e um policial o atingiu com um tiro. Segundo o relato, ele estava com um adolescente autista de 14 anos no veículo. O disparo atravessou o pênis do militante e se alojou na coxa.
Audiência na ALMG
As denúncias motivaram uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A deputada estadual Bella Gonçalves, que preside a Comissão de Direitos Humanos, acompanhou o caso. Para ela, a conduta da PM foi “criminosa e abusiva”.
A audiência pública teve embates entre parlamentares. Deputados da base governista, como Sargento Rodrigues (PL) e Cristiano Caporezzo (PL), afirmaram que houve “pré-julgamento” dos policiais. Caporezzo também acusou o militante de envolvimento com tráfico de drogas, roubo e formação de quadrilha.
A Polícia Militar informou que instaurou inquérito para apurar os fatos. O comandante da 5ª Região da PM, coronel Rodrigo Wolf Luz, disse que a corporação não havia planejado nenhuma operação para o dia 30 de abril e que uma viatura de trânsito realizou a abordagem. Já o chefe do 5º Departamento da Polícia Civil, delegado Cezar Felipe Colombari da Silva, afirmou que a equipe lavrou um termo circunstanciado contra o casal por resistência à prisão.
Até o momento, a Polícia Civil não instaurou inquérito para apurar a tentativa de homicídio denunciada pelo militante.