O Delegado da Polícia Civil Dr. Rodrigo Luiz Florindo Faria, juntamente com a Secretária Municipal de Saúde Thereza Griep e com o Chefe da Perícia de Araguari, o Perito Criminal Daniel Luiz Souza, apresentou o encerramento do inquérito policial sobre o grave acidente ocorrido na MG-223, durante uma entrevista coletiva nesta quinta-feira (15), na sede da Delegacia Regional. O acidente, que aconteceu na madrugada do dia 8 de abril entre Tupaciguara e Araguari, resultou na morte de 12 pessoas e deixou outras 36 feridas. Na ocasião, um ônibus da empresa Real Expresso, que partiu de Anápolis com destino a São Paulo, saiu da pista e tombou no trevo do Queixinho. Relembre o caso.
O Delegado iniciou a coletiva agradecendo o apoio da Prefeitura por meio da Secretária Municipal de Saúde, da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros, da Polícia Rodoviária e da equipe da perícia pelo rápido e eficiente trabalho nas primeiras horas da investigação. De acordo com Dr. Rodrigo, as informações colhidas no local do acidente permitiram elucidar as circunstâncias da ocorrência.
A perícia constatou, por meio de provas objetivas, que o veículo trafegava a 96 km/h no momento exato do acidente, ultrapassando em mais de 50% a velocidade permitida na via. Diversos passageiros confirmaram a alta velocidade e relataram que o motorista pedia para que apertassem os cintos para que ele pudesse recuperar o tempo de viagem perdido.
Diante da conduta do motorista, o caso foi caracterizado como homicídio doloso em relação às 12 vítimas fatais, além de 46 tentativas de homicídio qualificadas. Também foi constatada uma inconsistência na lista de passageiros, após o cruzamento de dados da Secretaria de Saúde com a Polícia Civil, elevando o número de pessoas envolvidas para 59, incluindo o motorista.
Com pesar, as autoridades lamentaram as perdas e as circunstâncias do acidente. Informaram que o motorista, apesar da gravidade dos fatos, responde ao inquérito em liberdade, pois prestou socorro às vítimas, o que impede a prisão em flagrante. Pedidos de medidas cautelares foram encaminhados à promotoria e ao poder judiciário, e o Ministério Público Federal foi oficiado para as medidas civis cabíveis.
O perito criminal Daniel Luiz Souza detalhou a dinâmica do acidente, explicando que o ônibus tombou para a esquerda, atravessou a via que contornava o canteiro central e avançou 9 metros. A borda superior esquerda do veículo se quebrou, e devido à força gravitacional, ao desnível da pista e aos vidros quebrados, os passageiros sem cinto foram arremessados para a grama, onde o ônibus os esmagou.
Tanto o delegado quanto o perito enfatizaram que o excesso de velocidade e a ausência do uso de cinto de segurança pelos passageiros foram fatores determinantes para a gravidade das lesões e o número de óbitos. O perito chegou a afirmar que, provavelmente, não haveria mortes e o acidente seria de natureza simples se o ônibus, que era novo e tinha todos os cintos funcionando, estivesse dentro da velocidade permitida e todos os passageiros estivessem utilizando os cintos. A própria empresa de ônibus informou a velocidade do veículo. O radar de fiscalização, localizado a 100 metros do local do acidente, não registrou a velocidade excessiva.
A secretária de Saúde, Thereza Griep, ressaltou a união do município com as forças de segurança, que, diante das condições, acolheram rapidamente as vítimas e seus familiares, demonstrando o planejamento de crise com excelência do município de Araguari. Ela enalteceu o trabalho em equipe e a ativação do protocolo de múltiplas vítimas, que mobilizou todas as Unidades de Saúde, a Polícia Rodoviária, a Polícia Militar, a Polícia Civil, o Corpo de Bombeiros e os hospitais da cidade, além do Instituto Médico Legal (IML), que enfrentou um grande desafio no reconhecimento das vítimas, que incluía passageiros de Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Líbia, Venezuela e outros países da América Latina.
A secretária também destacou a importância do momento para alertar sobre o uso do cinto de segurança, reforçando a campanha Maio Amarelo.
As autoridades foram unânimes em afirmar que o motorista é responsabilizado pela tragédia, com o laudo pericial e os depoimentos de testemunhas indicando que ele agiu assumindo o risco, impossibilitando a defesa das vítimas. Não há indícios de envolvimento de outro veículo no acidente. Por fim, informaram que todas as representações e requerimentos foram feitos, e agora aguardam a decisão da justiça.