Uberlândia e outras cidades dos estados de Minas e São Paulo têm sido alvo de uma tática criminosa sofisticada: jovens mulheres, muitas vezes bem vestidas e se passando por moradoras, estão sendo recrutadas por uma facção para invadir e furtar condomínios de luxo. A investigação, que envolve as polícias dos dois estados, revela um método de atuação que se baseia na dissimulação para obter acesso a edifícios e realizar roubos de joias e grandes quantias em dinheiro.
O modus operandi da quadrilha é meticuloso. A escolha dos alvos é feita previamente, utilizando-se de dados detalhados obtidos por meio de informações vazadas da Receita Federal ou consultas online. Esses dados fornecem perfis de moradores e suas condições financeiras, permitindo que os criminosos selecionem apartamentos com alto potencial de lucro. Os recrutados, que incluem adolescentes e adultos com idades entre 11 e 32 anos, são orientados a se apresentar aos porteiros de forma a não levantar suspeitas. Eles chegam aos condomínios bem vestidos, com uma aparência que sugere serem moradores ou visitantes legítimos, o que facilita a entrada em áreas de acesso restrito.
Tática e perfil dos recrutados
Um dos aspectos mais alarmantes é o perfil dos envolvidos. Ao contrário do que se poderia imaginar, muitos desses jovens vêm de classe média e tiveram acesso à educação. Essa bagagem cultural e social permite que eles se comportem e se comuniquem de forma que se encaixam perfeitamente no ambiente dos condomínios de luxo. Essa capacidade de se adaptar e de agir como se fossem moradores é fundamental para o sucesso das incursões.
As mulheres, em particular, são recrutadas por sua capacidade de gerar menos desconfiança. De acordo com relatos, a mulher chega bem vestida, nova, bonita, de boa aparência. Certamente fez um levantamento pretérito, já tem uma história de cobertura que vai colocar ela naquele lugar. Dificilmente o porteiro vai colocar atenção nela com esse tipo de maldade. Essa estratégia visa desarmar a vigilância dos porteiros e demais funcionários dos condomínios, facilitando o acesso aos apartamentos.
Após a consumação do furto, a quadrilha se apressa para converter os bens roubados em dinheiro. O objetivo é vender as joias e objetos de valor o mais rápido possível, dificultando o rastreamento e a recuperação dos itens pela polícia. A organização por trás desses crimes é complexa e compartimentada, tornando a identificação dos financiadores e líderes da facção um grande desafio para as autoridades.
A crescente onda desses furtos tem gerado um alerta entre síndicos e administradores de condomínios. Em resposta, empresas de segurança e treinamento têm intensificado a capacitação de porteiros e equipes de vigilância.
Importante ressaltar que muitas invasões ocorrem devido a descuidos com as regras de segurança, como deixar portões abertos ou permitir a entrada de pessoas desconhecidas sem a devida verificação. A comunicação constante entre síndicos, moradores e equipes de segurança é fundamental para fortalecer a proteção dos condomínios.