Duas tragédias rodoviárias em menos de 24 horas deixaram ao menos 14 mortos — entre eles duas crianças — e 22 feridos hospitalizados em Minas Gerais. Os acidentes ocorreram na MG-223, no Triângulo Mineiro, e na BR-040, na Região Central, e reacenderam o debate sobre a segurança nas estradas mineiras. O estado, que possui a maior malha rodoviária do país, lidera o número de mortes em rodovias federais em 2025.
Detalhes das tragédias
O episódio mais grave ocorreu na madrugada desta terça-feira (8), por volta das 3h40, no km 134 da MG-223, entre Araguari e Tupaciguara. Um ônibus da Viação Real Expresso, que havia saído de Anápolis (GO) rumo a São Paulo, capotou após o motorista perder o controle ao contornar o chamado “Trevo do Queixinho”. O veículo atravessou o canteiro central e tombou na alça de acesso da rodovia.
Onze pessoas morreram no local, incluindo duas crianças com idades entre 2 e 4 anos. Segundo a Polícia Militar Rodoviária (PMRv), 36 pessoas ficaram feridas, das quais 22 permanecem internadas — oito em estado grave no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU). Uma das vítimas morreu após dar entrada na unidade.
Um bebê nasceu após cesariana de emergência em decorrência do acidente. A mãe, gestante e passageira do ônibus, segue internada. Os nomes das vítimas não foram divulgados, em cumprimento à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). O motorista do ônibus, que sobreviveu, prestou depoimento e foi liberado pela Polícia Civil, que apura as causas do acidente.
O veículo, modelo semileito de dois andares, transportava 53 passageiros e estava com a documentação regular para transporte interestadual, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Em nota, a Real Expresso afirmou prestar assistência aos feridos e familiares, além de manter plano de manutenção regular e seguros atualizados.
O acidente provocou colapso na rede de saúde de Araguari. A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) local foi superlotada e teve de suspender atendimentos ao público geral. A prefeitura informou que reforçou o suporte aos hospitais e pediu que a população buscasse outras unidades em casos não urgentes.
Mais um acidente
Horas depois, já na tarde de terça-feira, outro acidente fatal foi registrado na BR-040, em Itabirito. Um Fiat Palio colidiu frontalmente com uma carreta no km 582 da rodovia, próximo ao Mirante da Serra. Três pessoas que estavam no carro — duas mulheres e um homem — morreram na hora. O impacto foi tão violento que os corpos ficaram presos às ferragens.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o carro invadiu a pista contrária, possivelmente após o motorista cochilar ao volante. “Há apenas sinal de freada no lado da carreta”, informou o agente Marcelo Ramos. O caminhoneiro não se feriu.
Cenário alarmante
As duas tragédias reforçam um cenário alarmante. Dados da Polícia Rodoviária Federal e do Observatório de Segurança Pública de Minas Gerais indicam que, nos dois primeiros meses deste ano, o estado já contabiliza 181 mortes em acidentes rodoviários — 115 nas vias federais e 66 nas estaduais. No total, são mais de 2.700 vítimas, entre mortos e feridos.
A Real Expresso, que opera linhas interestaduais em todo o país, prometeu transparência na apuração interna das causas e apoio integral aos passageiros. “Estamos empenhados em oferecer o suporte necessário. Nossa prioridade é cuidar das vítimas e colaborar com as autoridades”, diz a empresa em nota.
O número de mortos em rodovias mineiras em 2024 foi de 2.124. Se o ritmo atual se mantiver, o ano de 2025 pode registrar um aumento expressivo, com tragédias como as desta terça-feira reforçando o retrato de um estado que, além de ser corredor logístico do país, tem também se tornado palco recorrente de dor nas estradas.