A recente megaoperação das forças de segurança do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho (CV) ultrapassou as fronteiras do estado e repercutiu diretamente em Brasília. Mais do que uma resposta à crise de segurança, a ação é vista nos bastidores da política como um movimento estratégico do governador Cláudio Castro (PL) para se projetar nacionalmente, de olho na disputa pela Presidência da República em 2026.
A leitura de que a operação teve um forte componente de marketing político é compartilhada por diferentes atores, inclusive no Palácio do Planalto.
🔎 Planalto vê “ação eleitoral”
Segundo analistas políticos, o governo federal não demorou a interpretar a ofensiva de Castro como uma “ação eleitoral”. A percepção em Brasília é que o governador fluminense usa a visibilidade da segurança pública — um dos temas mais sensíveis do país — para construir uma imagem de “tolerância zero” contra o crime.
Essa narrativa, que historicamente agrada o eleitorado de direita e centro-direita, funcionaria como uma plataforma para testar seu nome em nível nacional. Ao “comprar a briga” publicamente contra uma das maiores facções do país, Castro tenta se posicionar como um líder firme, capaz de enfrentar problemas complexos.
📊 Movimentos baseados em pesquisas
A projeção de Cláudio Castro não parece ser um impulso momentâneo. Fontes ligadas ao governador indicam que suas ações são calculadas e baseadas em pesquisas de opinião, tanto qualitativas quanto quantitativas.
De acordo com reportagens da imprensa nacional, Castro tem monitorado de perto a receptividade de seu nome e de suas políticas fora do Rio de Janeiro. A estratégia é clara: usar a pauta da segurança como principal vetor para expandir seu conhecimento e construir uma imagem que o credencie para um voo mais alto.
🚦 Ameaça aos aliados
Essa movimentação, no entanto, já começa a gerar ruído e acende um sinal de alerta entre os próprios aliados de Castro no campo da direita.
Ao se colocar como um potencial pré-candidato ao Planalto, o governador do Rio entra na rota de colisão de outros nomes que também cobiçam o posto em 2026, especialmente aqueles que buscam o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Governadores como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Ronaldo Caiado (União-GO), que também apostam forte na pauta da segurança em seus estados, passam a ter em Cláudio Castro um concorrente direto. A disputa pelo “espólio” político de Bolsonaro e pela liderança do campo conservador ganha, assim, um novo e importante competidor.
A operação no Rio, portanto, serviu como um cartão de visitas de Castro ao restante do país. Resta saber se a estratégia terá fôlego para superar os crônicos desafios da segurança fluminense e, ao mesmo tempo, viabilizar seu nome na acirrada disputa interna da direita pelo Palácio do Planalto em 2026.


