Uma empresária de Belo Horizonte poderia fazer muito bem páreo com as vilões de novela. Isso pelo menos é o que mostra as investigações da Polícia Civil, uma vez que a mulher, que possui mais de R$5 milhões em patrimônio, é suspeita de três homicídios, roubos e outros crimes pela cidade. Kênia Mara de Souza, de 39 anos, foi apresentada nesta segunda-feira (9) e até o momento nega todas as acusações.
Ela é proprietária de uma empresa de locação e transporte chamada Prysma Transformadores, localizada no bairro Castelo, na Pampulha. “É uma pessoas engenhosa. Apesar de negar os fatos, as investigações mostram provas e testemunhos fortes contra ela”, afirmou o delegado Hugo Arruda, da 6ª Delegacia Especializada de Roubo de Cargas (Deroc).
A empresária começou a ser investigada pela polícia em maio deste ano, após o assassinato de um peixeiro no bairro Bonfim, região Noroeste da capital. A motivação do crime seria porque Kênia e a vítima, Fábio Baptista de Mello, estavam travando uma batalha judicial. Ele acusava a mulher de estar fazendo uma construção em um terreno dele no bairro Caiçara, também na região Noroeste.
“No dia crime, a vítima chegou a fazer uma ocorrência em que estava se sentindo ameaçado pela Kênia, já que ela estava rodeando a região junto com um outro homem. No início da noite, ele foi assassinado a tiros em frente ao seu comércio”, disse o delegado do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa, Delmes Rodrigues.
Latrocínio
No meio deste inquérito, um latrocínio (roubo seguido de morte) investigado pela Deroc, ocorrido em 29 de outubro, também levou a polícia a suspeitar da mulher. Segundo a polícia, imagens comprovam a participação de Kênia na morte do motorista José Carlos de Lima, durante um roubo de transformadores de energia no valor de R$ 320 mil.
“Esse material estava vindo de São Paulo em direção a capital. A empresa dela foi contrata para retirar o material, por guincho, do caminhão e entregar para a outra empresa no Anel Rodoviário”, contou o delegado Hugo Arruda.
Enquanto a vítima esperava por essa retirada, Kênia teria chegado com outros dois homens, dentro de seu Mercedes Benz, e abordado o motorista. A mercadoria foi levada para a sede da sua empresa. Já Lima foi encontrado morto, com um tiro na cabeça, em Ribeirão das Neves, região metropolitana.
De acordo com o delgado, a empresária alterou as especificações e características dos transformadores e os ofereceu à própria empresa que os teria adquirido e nem chegou a receber. Um contrato de aluguel foi feito e a empresa dela receberia R$ 36 mil, se os objetos não tivessem sido apreendidos pela polícia a tempo.
Kênia está presa no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Centro-Sul desde 6 de novembro. David de Oliveira, de 22 anos, que é um ex-funcionário da mulher, foi preso suspeito de ser o autor do latrocínio.
O outro homicídio em que a mulher está sendo investigada ocorreu em fevereiro deste ano. Apesar de não entrar em detalhes sobre este crime, a Polícia Civil informou que se trata de um ex-funcionário que seria testemunha em um processo contra ela.
Empresária é presa suspeita de ser mandante de três homicídios
Extravio
Além dos crimes de roubo e homicídio, a empresária Kênia Mara de Souza, de 39 anos, está sendo investigada por extraviar dois processos judiciais contra ela. “É uma pessoa de mente argilosa. Temos essa informação de testemunhas e serão investigadas”, contou o delegado Delmes Rodrigues.
A assessoria do Fórum Lafayette confirmou que dois processos tiveram que ser restaurados porque eles havia sido extraviados ou destruídos. A assessoria, no entanto, não soube informar se funcionários do local estão sendo investigados devido ao problema.
Ela também será investigada por lavagem de dinheiro.
Defesa
Procurado pela reportagem, o advogado da suspeita, Paulo Roberto Pagani, negou o envolvimento delas nos crimes. “Todas as vezes que estive com ela nega veementemente esses crimes. Em outras ocasiões trarei novas informações”,disse.
Ficha
A ficha criminal de Kênia é extensa. Ela já tem passagens por uso de documentos falsos, falsificação de documento público, estelionato, formação de quadrilha urbana com bando, além da falsa de comunicação de crime ou contravenção.
O Tempo
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