Campo Florido. Os pousos constantes de aviões carregados com cocaína no Triângulo Mineiro têm criado um clima de insegurança nas áreas rurais de pequenos municípios e tirado o sono dos fazendeiros da região, que já começam a estudar maneiras de fazer a pulverização de agrotóxico por avião sem a necessidade de pistas no meio das plantações.
Com uma pequena área urbana que abriga 7.000 pessoas, a cidade de Campo Florido, a 70 km de Uberaba, é uma das principais produtoras de cana-de-açúcar do Triângulo. A safra anual chega a 2 milhões de toneladas por ano em uma área plantada de 18 mil hectares, o que corresponde a mais da metade de toda a cidade de Belo Horizonte. Essa extensa área rural, com uma pequena infraestrutura urbana, faz do município um dos alvos preferenciais dos traficantes.
“Isso (o tráfico) tem aterrorizado os produtores rurais. Alguns sabem que a pista está sendo usada, mas têm medo de denunciar. Está colocando em risco a segurança de nossa família e de nossos funcionários. São quadrilhas perigosas e que andam fortemente armadas”, afirmou um fazendeiro da região, que pediu anonimato por medo de represálias.
Um representante da Associação dos Produtores de Cana de Campo Florido, que também não quis se identificar, explicou que os proprietários precisam da pista nas plantações, mas que, diante do uso por traficantes, já estão pensando em outras soluções. “Se não tiver a pista, o preço da aviação agrícola para pulverização fica inviável. Só que esse serviço é essencial para a produção. Já existem fazendeiros que estão retirando as pistas do meio do canavial e construindo perto da sede da fazenda, onde há maior movimento, o que inviabilizaria o uso por esses traficantes”.
Ele explicou ainda que uma das soluções seria fazer um acordo para pôr fim a essas pistas irregulares na plantação e criar um aeroporto regulamentado na Aeronáutica voltado apenas para servir de base à aviação agrícola. “Do jeito que está não pode ficar. É preciso fazer uma mudança”, desabafou.
O Tempo