A chefe de gabinete do ministro Alexandre de Moraes, Cristina Kusahara, realizou uma visita técnica ao Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, acompanhada da juíza Leila Cury, titular da Vara de Execuções Penais. A inspeção, que ocorreu de forma reservada, incluiu ao menos três locais dentro do presídio e foi confirmada por fontes ligadas ao sistema prisional de Brasília.
A visita aconteceu poucos dias antes do Supremo Tribunal Federal (STF) iniciar o julgamento dos primeiros recursos da defesa de Bolsonaro, marcado para esta sexta-feira (7). O caso envolve os embargos de declaração apresentados após a condenação do ex-presidente a 27 anos e três meses de prisão por liderar uma tentativa de golpe de Estado em 2022 — a primeira sentença desse tipo contra um ex-chefe de Estado brasileiro.
Durante a vistoria, Cristina Kusahara e Leila Cury percorreram setores do regime fechado da Papuda, conhecidos por abrigar presos sob segurança média e máxima. Também foi visitado o 19º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal, apelidado de “Papudinha”, que já recebeu o ex-ministro Anderson Torres durante sua prisão preventiva.
O governo do Distrito Federal foi alertado sobre a possibilidade de o próprio Moraes determinar que Bolsonaro seja encaminhado à Papuda após o julgamento. Um ofício da Secretaria de Administração Penitenciária, enviado no dia 3, solicitou inclusive uma avaliação médica para verificar se o ex-presidente teria condições de saúde para permanecer nas instalações do presídio.
Entre aliados de Bolsonaro, a expectativa é que ele seja encaminhado à Papuda ainda em novembro. No entanto, há quase um consenso de que o ex-presidente deverá permanecer no sistema penitenciário por, no máximo, 15 dias, em razão de seus atuais problemas de saúde. A avaliação é que essas condições médicas deverão levar o Supremo a autorizar o cumprimento da pena em regime domiciliar logo após sua entrada no presídio.
Caso a prisão se confirme, os destinos possíveis considerados pelo Supremo são o próprio Complexo da Papuda, uma cela especial na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, ou a conversão imediata da pena para prisão domiciliar com monitoramento eletrônico.


