O nível de atividade econômica em Minas Gerais permaneceu praticamente estabilizado pelo segundo trimestre consecutivo. De abril a junho de 2013, o Produto Interno Bruto do Estado registrou retração de 0,1% em relação ao trimestre anterior. O resultado pode ser explicado pelo comportamento desfavorável da agropecuária, que representa 8,5% do PIB mineiro e apresentou um decréscimo de -11,1%, e pela recuperação da indústria de transformação, que cresceu 2,9%, e da indústria extrativa mineral, que cresceu 2,1%. Já o setor de serviços, que é responsável por 57,9% do PIB mineiro, ficou praticamente estável, com taxa de crescimento de 0,6%.
Ao se verificar, porém, o acumulado dos seis primeiros meses do ano, o PIB de Minas registrou crescimento de 0,8%, em relação ao mesmo período de 2012. No semestre, o resultado do Estado foi determinado pelo aumento de 3,3% na agropecuária e de 1,8% no setor de serviços. Os dados são parte do boletim informativo CEI – Produto Interno Bruto – 2º trimestre/2013, publicado pelo Centro de Estatística e Informações(CEI) da Fundação João Pinheiro (FJP) nesta sexta-feira(6), no site da instituição.
Indústria de transformação teve a maior alta dos últimos três anos
De acordo com o coordenador de Contas Regionais do CEI/FJP, Raimundo Leal, a taxa de expansão da indústria de transformação mineira no segundo trimestre, de 2,9%, foi a mais elevada nos últimos três anos. “Em parte, isso foi reflexo da fraca base de comparação representada pelo resultado do primeiro trimestre, mas também resulta da forte retomada da produção na fabricação de máquinas, equipamentos e veículos automotores, no refino de petróleo e na metalurgia básica”, afirma.
Redução da geração de energia e das safras de café, milho e feijão puxaram o PIB para baixo no 2º trimestre
Apesar da expansão da indústria de transformação, o comportamento do PIB mineiro foi afetado pelo desempenho negativo da agropecuária nas culturas de café, milho e feijão. No segundo trimestre, foram colhidos 25% do café arábica, para o qual se prevê uma variação de -5,8% na safra de 2013 em comparação com a safra do ano passado. Está prevista uma variação de -3,8% para a primeira safra de milho do ano, com 85% da colheita realizada entre abril e junho. Para a segunda safra de feijão a previsão é de -2,4%, com 90% da colheita no segundo trimestre.
Segundo Leal, o peso dessas culturas para a agricultura mineira neutralizaram os ganhos obtidos com o bom desempenho da colheita da safra de cana e soja. “O café responde por mais de um terço do valor da produção do setor, o milho por cerca de um décimo e o feijão por aproximadamente 5%”, explica.
Seguindo o comportamento do primeiro trimestre, a produção e distribuição de energia também puxou o resultado para baixo. Isso se deve à drástica redução na geração de energia nas hidroelétricas de Furnas, especialmente no mês de abril, causada pela falta de chuva nos primeiros meses do ano. Em maio, teve início o retorno aos padrões normais de produção.
Revisão
Os resultados da economia mineira apresentados no boletim do Centro de Estatísticas e Informaçõesda Fundação João Pinheiro representam estimativas preliminares, elaboradas pela FJP com metodologia própria, desenvolvidas segundo as recomendações adotadas pelo IBGE nas Contas Nacionais e Regionais do Brasil. Esses cálculos geralmente são revistos, em trabalho conjunto com o IBGE, e os resultados definitivos são divulgados com uma defasagem média de até dois anos.
Especialistas da FAEMG e da SEAPA explicam razões da
queda do PIB agropecuário de Minas no 2º Trimestre
De acordo com a Fundação João Pinheiro, a principal razão para a economia mineira não ter apresentado crescimento no 2º Trimestre de 2013 foi a redução de 11,1% registrada no PIB agropecuário do Estado no período. Segundo João Ricardo Albanez, Superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (SEAPA), um dos principais fatores que contribuíram para a retração da atividade agropecuária no 2º trimestre de 2013 no Estado foi a queda nos preços do café nos mercados nacional e internacional. Os preços reais da saca de café em Minas acumularam queda de 16,3% no primeiro semestre de 2013 e de 21,2% nos doze meses entre julho de 2012 e junho de 2013 (preços deflacionados pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas).
Além da queda no nível de preços, a produção de café no Estado em 2013 está sendo menor do que em 2012. “Isso é reflexo da bienalidade da lavoura cafeeira, caracterizada por anos de safra elevada seguidos por anos de safra baixa. Como 2012 foi marcado pela alta produção de café, a expectativa para 2013 é que teremos uma redução, estimada em 5,8%”, explica João Ricardo Albanez.
A Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (FAEMG) também aponta as quedas na produção e nos preços do café como determinantes para a retração do PIB da agropecuária no Estado. Para a entidade, também contribuiu de forma significativa o fato da safra mineira de grãos ter ficado praticamente estável em relação a 2012, com apenas 0,13% de crescimento este ano, fruto de alguns problemas climáticos registrados durante o verão. “Com os preços em queda, os grãos também não conseguiram contribuir para formar um PIB positivo para o segmento no Estado”, explica Pierre Vilela, coordenador da assessoria técnica da FAEMG.
Por outro lado, o especialista da FAEMG afirma que o melhor desempenho do PIB da agropecuária brasileira no mesmo período é explicado pela recuperação da produção nacional de grãos (destacadamente soja e milho). “A produção nacional de grãos estimada para a safra 2012/13 no país é 12,0% superior à safra 2011/12, quando houve quebra em função de seca no Sul do país e em outras regiões”, informa Pierre Vilela.