A agenda de Ronaldo Fraga está cheia nos próximos dias. E nem é só porque ele está às voltas com a coleção verão 2015 para o próximo São Paulo Fashion Week, que acontece no início de abril. Mas pelo fato de seu trabalho ter sido selecionado para participar de dois importantes eventos que ocorrem na Europa neste mês de março.
O primeiro deles é o Lineapele, a maior feira de couro do mundo, que acontece em Bologna, na Itália. E o outro é a exposição “Designs of The Year 2014”, que será aberta ao público no próximo dia 26, no Design Museum, em Londres.
Na capital inglesa, Ronaldo Fraga estará entre o seleto grupo de dez estilistas da mostra, que reúne, além da moda, arquitetura, mobiliário e design gráfico e de produto, num total de 80 artistas.
Esta será a segunda vez que Fraga participa da “Designer of The Year”. Na primeira, foi com sua coleção sobre a China, mas agora será com algo bem brasileiro: “Carne Seca ou Um Turista Aprendiz em Terra Áspera”, seu mais recente trabalho, em que homenageia o semi-árido nordestino ao tratar da cultura do curtume.
Ali, o estilista brasileiro estará lado a lado com marcas importantes como Prada e Dior. “O melhor de estar junto dessas marcas é que ali não estaremos discutindo babados, frufrus. O que estará sendo discutido ali é outra história”, afirma Fraga, referindo-se a um tema que lhe é muito caro: a da moda como vetor cultural, uma vez que o foco do evento são as discussões contemporâneas que dão alma ao novo design. “Nunca disse que a moda é arte, assim como nem todo cinema é arte, nem todo teatro é arte. Mas a moda é indiscutivelmente um vetor da cultura”, afirma.
Na “Designs Of the Year 2014”, o estilista vai mostrar um look, com roupa, acessórios e sapato, e um vídeo de cinco minutos. “O legal de fazer moda é que você não faz sozinho. Tem os parceiros de sempre. E com o look podemos levar para lá os sapatos da Virgínia Barros, a pesquisa em estamparia da Virginia e Domingos Baba, e os acessórios da Camaleoa”, afirma Fraga.
O estilista não poderá estar presente na abertura da mostra por causa das preparações da nova coleção e por conta da aula magna que fará na Lineapele, em Bologna, na próxima semana. “Vou representar o Brasil nesta feira, que é a maior do mundo”, diz ele, que estará ao lado de um design chinês e um russo. Lá, ele vai apresentar um vídeo de 14 minutos com um passo a passo que transforma o artigo, o couro, num produto de design. “Poder fazer essa palestra no celeiro que o mundo copia parecia uma coisa inalcançável”, diz ele, lembrando que, embora o Brasil tenha o maior rebanho do mundo, são os italianos hoje que transformam o nosso couro em peça de design. “Vai ser importante falar desse momento do couro no Brasil, quando estão surgindo projetos de design que o colocam em outro patamar”, acredita o estilista.
Participar desses dois importantes eventos, para Fraga, não significa sucesso. “Sucesso é igual gripe, dá e passa. O importante é que o maior crítico ao seu trabalho, que é você mesmo, continue com os olhos brilhando”.
O estilista acredita ainda que está ocorrendo uma redescoberta do Brasil que vai além do Carnaval, do samba e até do futebol. “O mundo está nos observando”.
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