Governo de MG lança estudo sobre o perfil da população idosa do Estado

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O Governo de Minas, por meio do Centro de Estatística e Informações (CEI) da Fundação João Pinheiro (FJP) e do Escritório de Prioridades Estratégicas, lançou nesta quinta-feira (20/03) a publicação Boletim PAD-MG – Perfil da população Idosa de Minas Gerais. Desenvolvido a partir dos dados da edição de 2011 da Pesquisa por Amostra de Domicílios de Minas Gerais (PAD-MG), o estudo tem como objetivo fornecer subsídios para o planejamento de políticas públicas adequadas à realidade de cada região do Estado. Para tanto, o boletim aborda aspectos como educação, saúde, trabalho, renda, moradia e hábitos saudáveis, entre outros, para esta parcela da população.

De acordo com o diretor do CEI, Frederico Poley, a PAD representa uma inovação em âmbito nacional. “A pesquisa apresenta, de forma pioneira no país, os resultados para Minas Gerais como um todo e os resultados de forma regionalizada. Nenhum outro Estado tem uma pesquisa tão completa”, observou.
Contexto
No Brasil, a queda das taxas de fecundidade e mortalidade nas últimas décadas vem gerando mudanças na estrutura etária da população. Em Minas Gerais, estudos também apontam o rápido envelhecimento populacional, o que representa um dos mais relevantes desafios econômicos e sociais da atualidade.
Em 2011, 10,1% dos mineiros eram idosos entre 60 e 79 anos e 1,7% tinham mais de 80 anos, somando 2.302.000 pessoas. As regiões que apresentaram estruturas etárias mais envelhecidas foram a Zona da Mata, onde os idosos representavam 13,3% da população total, Jequitinhonha/Mucuri (13,2%), Rio Doce (13,1%) e Central (13,1%). O percentual de idosos era menor na Região Metropolitana de Belo Horizonte (11%), Alto Paranaíba (10,1%) e Noroeste (8,6%).
“A importância desse tipo de estudo é mostrar que estamos caminhando para um número maior de idosos em relação à população jovem. Com esta pesquisa, estamos fornecendo subsídios para as políticas públicas discutidas e implementadas pelo Estado, além de colaborar com dados valiosos para diversos agentes do mundo empresarial, como planos de saúde e seguradoras, por exemplo”, salientou a presidente da Fundação João Pinheiro, Marilena Chaves.
Arranjo domiciliar e moradia
Em 2011, 88,7% dos idosos eram os responsáveis pelo domicílio em Minas Gerais, seja na condição de chefe (65,9%) – em sua maioria do sexo masculino -, seja na de cônjuge (22,8%). A situação do idoso no domicílio praticamente não diferia entre as regiões de planejamento, mas a Zona da Mata era a que possuía a menor proporção de idosos com papel central no domicílio: chefe e cônjuge somam 85,5%. As maiores proporções de chefes e cônjuges foram registradas nas regiões do Sul e Centro Oeste, com 91,7% e 91,6%, respectivamente.
O arranjo domiciliar mais frequente em Minas Gerais era o de idoso corresidindo com adulto (45,5%), seguido de idoso morando apenas com idoso (21,1%), idoso corresidindo com adulto ou criança (17,2%) e idoso morando sozinho (14,6%).
Mirela Camargos, pesquisadora da FJP e uma das responsáveis pela pesquisa, afirmou que o número de idosos que procuram morar sozinhos é crescente. “Existe essa tendência, mas isso não ocorre por abandono, é uma questão de independência”, avaliou.
Nas regiões de planejamento, a composição dos arranjos domiciliares era semelhante a do Estado, com destaque para o Sul, que possuía a maior porcentagem de idosos corresidindo com adultos (51,8%) e a menor de idosos morando sozinhos (11,3%); o Noroeste, com menor frequência de idosos morando com adultos (40,1%) e maior morando com crianças (3,4%); e o Triângulo, com maior percentual de idosos morando sozinhos (19,9%) e menor de idosos corresidindo com adultos ou crianças (11,9%).
Os idosos, porém, se distinguem de maneira importante do restante da população de Minas Gerais no que diz respeito ao tipo de posse do domicílio de moradia: enquanto 84,9% dos indivíduos acima de 60 anos moravam em domicílios próprios e já pagos, somente 65,3% das pessoas entre 15 e 59 anos e 58,1% dos indivíduos com idades entre 0 e 14 anos tinham a mesma condição.
Educação
O resultado da deficiência do sistema de ensino nas décadas passadas, quando o acesso à educação era restrito, torna-se visível ao se considerar que 29,9% dos idosos do Estado eram analfabetos em 2011. Entre as pessoas acima de 80 anos, esta taxa sobe para 40%. Neste quesito, as diferenças regionais também ficam claras. Enquanto na RMBH 20,5% dos idosos eram analfabetos, no Jequitinhonha/Mucuri e no Norte do Estado esse percentual era de 56,6% e 51,1%, respectivamente.
A pesquisa também considerou o nível de instrução desta parcela da população e constatou que 57,7% dos idosos mineiros eram analfabetos funcionais, ou seja, tinham menos de três anos de estudo, sabiam escrever o próprio nome e ler e escrever frases simples, mas eram incapazes de interpretar o que liam e de usar a leitura e a escrita em atividades cotidianas.
Neste caso, mais uma vez se destacam o Jequitinhonha/Mucuri e Norte, seguidas do Noroeste de Minas, regiões nas quais aproximadamente 90% da população idosa tinham até quatro anos de estudo e 76% eram analfabetos funcionais. O melhor nível educacional foi registrado na RMBH, onde o percentual de idosos com curso superior era de 6,6%.
“Em 2011 a média geral do Estado era de aproximadamente 3,6 anos de estudo para idosos acima de 60 anos, mas é preciso entender que isso é uma herança das deficiências do sistema educacional do passado”, explicou Mirela Camargos. “Hoje, a taxa de analfabetismo entre a população de até 59 anos não chega a 6%”, completou.
Trabalho e rendimentos
No ano de 2011, 16,6% da população mineira acima de 60 anos exerciam alguma atividade de trabalho. Destes, 16,9% eram assalariados com registro em carteira no setor privado, enquanto 49,3% eram autônomos. Entre os trabalhadores idosos, 49,2% dedicavam de 21 a 40 horas semanais às suas atividades profissionais. “Na época, 72,7% dos rendimentos dos idosos eram provenientes de aposentadorias e pensões, 21,1%, de atividades laborais, e 6,2%, de outros tipos de fonte”, afirmou Camargos.
As maiores concentrações percentuais de trabalhadores com idades superiores a 60 anos foram registradas nas regiões Sul (21,6%) e Alto Paranaíba (21,4%). Empregados assalariados com registro em carteira no setor privado, por sua vez, eram mais frequentes entre os trabalhadores idosos das regiões do Triângulo (24,2%) e Centro Oeste (19,2%).
Trabalhadores autônomos eram frequentes entre os idosos que mantinham atividades laborais em todas as regiões de planejamento de Minas Gerais, mas são ainda mais presentes nas regiões Norte (65,4%), Central (55,7%), Alto Paranaíba (55,5%) e Centro Oeste (58,3%).
Saúde
Em 2011, 49,6% dos idosos mineiros avaliaram sua saúde de forma positiva (muito boa ou boa), 40,8% como regular e apenas 9,6% consideraram o próprio estado de saúde como ruim ou muito ruim. Em um total de dez doenças crônicas investigadas pela pesquisa, aproximadamente três em cada quatro pessoas acima de 60 anos apresentava pelo menos uma dessas enfermidades.
O estudo aponta que 81,4% da população idosa feminina e 72,0% dos homens apresentavam em 2011 pelo menos uma doença crônica. “A hipertensão arterial era a patologia que mais acometia os idosos, atingindo 58,3%, seguida dos problemas de coluna, com 30%”, afirmou Mirela Camargos. Na sequência, vinham as doenças cardíacas (20,0%), diabetes (18,3%) e artrite ou reumatismo (18,3%). Segundo a pesquisa, a cada quatro idosos em Minas Gerais, três têm uma das doenças crônicas pesquisadas.
Exames preventivos femininos
Entre as mulheres com 60 anos ou mais, 76,7% declararam já terem se submetido ao exame de Papanicolau, 71,5% ao exame clínico das mamas e 67,4% ao de mamografia. Existe uma grande variação entre as regiões de planejamento quando consideradas as idosas que nunca realizaram os exames preventivos específicos para a população feminina. “O destaque negativo foi da região Jequitinhonha/Mucuri, na qual 36,5% delas nunca realizaram o exame de Papanicolau, 47,5% o exame clínico das mamas e 50,5% a mamografia”, observou a pesquisadora.
Alimentação e hábitos dos idosos
De acordo com o estudo, 71,7% da população idosa tinha o hábito de consumir regularmente (cinco ou mais dias da semana) frutas, legumes e verduras e 84% mantinham o hábito de beber leite, enquanto 36,9% declararam não remover a gordura visível da carne, seja vermelha e/ou de frango e 13,7% consumiam bebidas alcoólicas.
Em relação ao tabagismo, 72% da amostra declararam nunca ter fumado, 16,4% eram ex-fumantes e 11,6% eram fumantes. As maiores proporções de idosos fumantes estavam no Noroeste (15,8%) e Sul de Minas (15,7%); a de ex-fumantes no Jequitinhonha/Mucuri (20,9%); e a de pessoas que nunca fumaram no Centro Oeste (76,7%) e Norte (76,4%).
A pesquisa mostrou também que somente 13,4% da população acima de 60 anos praticavam atividade física de forma suficiente, enquanto 3,7% exercitavam-se de forma insuficiente em 2011. “Considerando a importância das atividades físicas para melhorar o estado geral de saúde e prevenir o surgimento de doenças, a alta proporção de idosos que não praticava atividade física em Minas Gerais chama a atenção: 82,9%”, alertou Camargos.
Pesquisa por Amostra de Domicílios de Minas Gerais
Desenvolvida pelo Governo de Minas, por meio da Fundação João Pinheiro e do Escritório de Prioridades Estratégicas, e com apoio do Banco Mundial e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), a pesquisa é realizada a cada dois anos, com o objetivo de conhecer em profundidade as características socioeconômicas, demográficas e culturais da população mineira. A PAD-MG tem representatividade para as 12 mesorregiões do Estado, para as dez regiões de planejamento e também para as regiões urbanas e rurais de Minas Gerais e do Grande Norte (conjunto das regiões de planejamento Norte, Jequitinhonha/Mucuri e Rio Doce). Na edição de 2011, a amostra foi composta por 18 mil domicílios, distribuídos por 428 municípios.
Fonte: Correio de Uberlândia
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