O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) estima que, em 2014, serão registrados no Brasil 576.000 novos casos da doença, sendo 61.530 somente em Minas. Dados como esses apontam o câncer como um problema de saúde pública e a segunda causa de morte na população mineira. Por isso, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) vem investindo na estruturação de uma rede de prevenção, controle e tratamento do câncer em todo o Estado.
Em 2013, o Governo de Minas investiu mais de R$ 251 milhões no pagamento anual de atendimentos ambulatoriais de alta complexidade em Oncologia e mais de R$ 119 milhões em cuidados hospitalares e cirurgias. A rede hospitalar, em todo o Estado, conta com 33 hospitais na rede de alta complexidade do SUS para o tratamento do câncer, distribuídos em 21 municípios. Atualmente, outros três encontram-se em fase de credenciamento nas cidades de Curvelo, Itabira e Teófilo Otoni. Além da linha de cuidado hospitalar, o SUS-MG conta com uma estrutura de apoio diagnóstico que oferece aos pacientes serviços de Tomografia Computadorizada, Ressonância Magnética, Medicina Nuclear e Densitometria Óssea.
Prevenção e controle
Câncer é o nome dado a um conjunto de mais 100 tipos diferentes de doenças e sua origem deve-se a condições multifatoriais. Os cânceres acometem indistintamente pessoas de todas as idades, sexo, raça, culturas, países e religiões. O conhecimento das peculiaridades de cada doença e os fatores associados possibilita planejar ações preventivas para evitar ou controlar a exposição a diferentes agentes cancerígenos, além de organizar o rastreamento para a detecção precoce antes que ocorram manifestações clínicas.
De acordo com a coordenadora do Programa de Avaliação e Vigilância do Câncer de Minas Gerais, Berenice Navarro Antoniazzi, mesmo contando com serviços hospitalares de excelência, se o paciente chegar em estado avançado o tratamento é mais difícil. “Câncer é prevenção e diagnóstico precoce. Essa deve ser a nossa maior preocupação”, alerta.
Os tipos de câncer de maior magnitude entre mulheres são os de mama, cólon e reto e colo do útero, enquanto nos homens os tipos mais frequentes são os de próstata, pulmão, cólon e reto.
Foi pensando justamente na prevenção e no cuidado ao paciente, que a SES criou o Programa Estadual de Controle Permanente do Câncer de Mama, que tem como objetivo reduzir a mortalidade por este tipo de câncer no Estado. A meta do Governo de Minas em 2014 é disponibilizar exames de mamografia para todas as mulheres na faixa etária de 40 a 69 anos. Em 2013, por meio desse programa, foram realizadas 650 mil mamografias, das quais 110 mil nos 10 mamógrafos móveis, que percorreram 236 municípios mineiros.
Outra estratégia do programa é o incentivo financeiro destinado aos Centros de Alta Complexidade. Existe ainda, como incentivo, o pagamento R$ 1 mil por mulher para a unidade que definir o diagnóstico e iniciar o tratamento. O início do tratamento deve ser feito em até 30 dias a partir do diagnóstico confirmado. O programa também disponibiliza um Call Center (155), para esclarecimento de dúvidas acerca da doença e do tratamento. Para agendar a mamografia, basta que a mulher compareça a uma unidade de saúde e solicite uma requisição ou se preferir imprima a requisição pelo facebook.com/saudemg, sem necessidade de consulta médica.
Ainda com foco na prevenção, Minas aderiu à campanha de vacinação contra o HPV. O público alvo são meninas de 11 a 13 anos. Até agora já foram vacinadas 64,65%. Minas oferece também, como medida preventiva, a detecção precoce do câncer do colo do útero com o rastreamento de mulheres de 25 a 59 anos pelo exame Papanicolau, além de exames citológicos. Só em 2013 foram feitos 1.3 milhão de exames.
Fatores de risco
É importante que se atente aos fatores de risco, que podem ser classificados em não evitáveis e evitáveis. São fatores inevitáveis: a idade, gênero, congênitos, hereditários, dentre outros. A maioria dos fatores de risco (75%) é considerada evitável como, por exemplo, o uso do tabaco, o consumo de bebidas alcoólicas, a má alimentação, o sedentarismo e a radiação. Combinados, esses fatores podem potencializar o surgimento do câncer, como no caso de pessoas que bebem e fumam. Essa população tem 20 vezes mais chances de desenvolver o câncer de boca em relação aos que não adotam esses hábitos. Berenice Navarro Antoniazzi destaca que os fatores evitáveis são relativos aos hábitos construídos nos primeiros 20 anos de vida, sendo fundamental a influência de pais e educadores para que as crianças tenham um comportamento saudável.
A carga do câncer continuará aumentando nos países em desenvolvimento e crescerá ainda mais em países desenvolvidos se medidas preventivas não forem amplamente aplicadas. Em 2013, a carga global será de 21,4 milhões de casos novos de câncer e um total de 13,2 milhões de mortes por câncer em consequência do crescimento da população como pelo seu envelhecimento.
“O importante é levar uma vida saudável, buscando envelhecer com qualidade”, observa Berenice. Como um alerta sobre a importância da prevenção, a coordenadora cita como exemplo, o aumento de casos avançados de câncer de boca nos serviços médicos. “A população de risco são pessoas com mais de 40 anos e é preciso investir nessa população, tanto no SUS, quanto na rede privada. A implementação de políticas e programas que incentivam a prevenção e direcionem as pessoas para modos de vida mais saudáveis, podem ajudar nesse direcionamento” defende.
Projeto Planalto
Em 2013, a SES publicou, em parceria com o Inca e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), os resultados de um estudo a respeito da incidência de câncer nos municípios situados no Planalto de Poços de Caldas, localizado na região Sudoeste de Minas. A região é reconhecida internacionalmente por suas anomalias radioativas e possui a primeira mineração de urânio do Brasil, que já está em fase de fechamento. Entre a população local existe a preocupação de que os efeitos negativos da radiação (especialmente o radônio) seriam responsáveis pelo índice de câncer superior ao normal na região.
A seguir, a coordenadora do Programa de Avaliação e Vigilância do Câncer de Minas Gerais, Berenice Navarro Antoniazzi fala sobre os resultados da pesquisa e das ações de vigilância estabelecidas pelo Governo do Estado:
1. Como o estudo foi conduzido?
Berenice Antoniazzi: No primeiro momento, instituições como Inca, CNEN e SES estiveram envolvidas e depois para as medições do radônio as secretarias municipais disponibilizaram os agentes comunitários, que foram capacitados para colocar os dosímetros e medir o radônio nos domicílios sorteados. Tivemos adesão de mais de 90% dos moradores que deram um belo exemplo de cidadania e compromisso com a saúde pública.
2. Quais tipos de câncer são provocados pela exposição ao radônio?
Berenice Antoniazzi: A proporção de todos os tipos de câncer associados ao radônio é estimada entre 3% e 14%, dependendo da média de concentração de radônio no país e do método de cálculo. Segundo os estudos epidemiológicos o radônio é a segunda causa de câncer de pulmão depois do tabagismo, sendo a primeira causa entre os não tabagistas.
3. Quais foram as principais conclusões do Projeto Planalto?
Berenice Antoniazzi: As taxas de incidência de câncer na população local estão coerentes com várias localidades de referência e não estão entre as mais elevadas do país, sendo compatíveis às encontradas em regiões desenvolvidas e ao envelhecimento populacional. Foi possível perceber, ainda, a necessidade de se construir políticas públicas voltadas para ações preventivas e reguladoras do radônio (inexistentes no Brasil). Ao contrário da crença popular, grande parte da nossa dose de radiação vem de fontes naturais sendo necessário orientar as populações, especialmente as mais expostas, sobre a melhor convivência com a natureza e a necessária mudança de hábitos. Em relação ao radônio, por exemplo, aumentar a ventilação diária dos domicílios diminuirá a concentração no ambiente para níveis mais seguros. O estudo mostrou que a residência que não tem o hábito de dormir com a janela aberta tem 2,2 vezes mais chances de apresentar um valor máximo de concentração de radônio.
4. Como a SES-MG tem estabelecido as ações de vigilância para acompanhar os níveis de exposição?
Berenice Antoniazzi: Este estudo faz parte de um conjunto de investigações e ações de um projeto maior de vigilância em saúde (vigilância do câncer e da exposição a radiação natural) na região pesquisada. Os resultados encontrados possibilitam informar a população sobre as principais condições de risco, monitorar os locais de maior vulnerabilidade, promover estudos epidemiológicos de associação entre causa e efeito, elaborar estratégias de comunicação de risco e subsidiar as equipes de vigilância das secretarias municipais de saúde sobre ações prioritárias. Em relação ao risco individual, observamos que todos os moradores receberam os resultados de seus domicílios e aqueles cujos níveis estiveram elevados receberam orientações das equipes de campo sendo também instalados novos dosímetros nessas residências para repetição das medições.
Agência Minas
Em 2013, o Governo de Minas investiu mais de R$ 251 milhões no pagamento anual de atendimentos ambulatoriais de alta complexidade em Oncologia e mais de R$ 119 milhões em cuidados hospitalares e cirurgias. A rede hospitalar, em todo o Estado, conta com 33 hospitais na rede de alta complexidade do SUS para o tratamento do câncer, distribuídos em 21 municípios. Atualmente, outros três encontram-se em fase de credenciamento nas cidades de Curvelo, Itabira e Teófilo Otoni. Além da linha de cuidado hospitalar, o SUS-MG conta com uma estrutura de apoio diagnóstico que oferece aos pacientes serviços de Tomografia Computadorizada, Ressonância Magnética, Medicina Nuclear e Densitometria Óssea.
Prevenção e controle
Câncer é o nome dado a um conjunto de mais 100 tipos diferentes de doenças e sua origem deve-se a condições multifatoriais. Os cânceres acometem indistintamente pessoas de todas as idades, sexo, raça, culturas, países e religiões. O conhecimento das peculiaridades de cada doença e os fatores associados possibilita planejar ações preventivas para evitar ou controlar a exposição a diferentes agentes cancerígenos, além de organizar o rastreamento para a detecção precoce antes que ocorram manifestações clínicas.
De acordo com a coordenadora do Programa de Avaliação e Vigilância do Câncer de Minas Gerais, Berenice Navarro Antoniazzi, mesmo contando com serviços hospitalares de excelência, se o paciente chegar em estado avançado o tratamento é mais difícil. “Câncer é prevenção e diagnóstico precoce. Essa deve ser a nossa maior preocupação”, alerta.
Os tipos de câncer de maior magnitude entre mulheres são os de mama, cólon e reto e colo do útero, enquanto nos homens os tipos mais frequentes são os de próstata, pulmão, cólon e reto.
Foi pensando justamente na prevenção e no cuidado ao paciente, que a SES criou o Programa Estadual de Controle Permanente do Câncer de Mama, que tem como objetivo reduzir a mortalidade por este tipo de câncer no Estado. A meta do Governo de Minas em 2014 é disponibilizar exames de mamografia para todas as mulheres na faixa etária de 40 a 69 anos. Em 2013, por meio desse programa, foram realizadas 650 mil mamografias, das quais 110 mil nos 10 mamógrafos móveis, que percorreram 236 municípios mineiros.
Outra estratégia do programa é o incentivo financeiro destinado aos Centros de Alta Complexidade. Existe ainda, como incentivo, o pagamento R$ 1 mil por mulher para a unidade que definir o diagnóstico e iniciar o tratamento. O início do tratamento deve ser feito em até 30 dias a partir do diagnóstico confirmado. O programa também disponibiliza um Call Center (155), para esclarecimento de dúvidas acerca da doença e do tratamento. Para agendar a mamografia, basta que a mulher compareça a uma unidade de saúde e solicite uma requisição ou se preferir imprima a requisição pelo facebook.com/saudemg, sem necessidade de consulta médica.
Ainda com foco na prevenção, Minas aderiu à campanha de vacinação contra o HPV. O público alvo são meninas de 11 a 13 anos. Até agora já foram vacinadas 64,65%. Minas oferece também, como medida preventiva, a detecção precoce do câncer do colo do útero com o rastreamento de mulheres de 25 a 59 anos pelo exame Papanicolau, além de exames citológicos. Só em 2013 foram feitos 1.3 milhão de exames.
Fatores de risco
É importante que se atente aos fatores de risco, que podem ser classificados em não evitáveis e evitáveis. São fatores inevitáveis: a idade, gênero, congênitos, hereditários, dentre outros. A maioria dos fatores de risco (75%) é considerada evitável como, por exemplo, o uso do tabaco, o consumo de bebidas alcoólicas, a má alimentação, o sedentarismo e a radiação. Combinados, esses fatores podem potencializar o surgimento do câncer, como no caso de pessoas que bebem e fumam. Essa população tem 20 vezes mais chances de desenvolver o câncer de boca em relação aos que não adotam esses hábitos. Berenice Navarro Antoniazzi destaca que os fatores evitáveis são relativos aos hábitos construídos nos primeiros 20 anos de vida, sendo fundamental a influência de pais e educadores para que as crianças tenham um comportamento saudável.
A carga do câncer continuará aumentando nos países em desenvolvimento e crescerá ainda mais em países desenvolvidos se medidas preventivas não forem amplamente aplicadas. Em 2013, a carga global será de 21,4 milhões de casos novos de câncer e um total de 13,2 milhões de mortes por câncer em consequência do crescimento da população como pelo seu envelhecimento.
“O importante é levar uma vida saudável, buscando envelhecer com qualidade”, observa Berenice. Como um alerta sobre a importância da prevenção, a coordenadora cita como exemplo, o aumento de casos avançados de câncer de boca nos serviços médicos. “A população de risco são pessoas com mais de 40 anos e é preciso investir nessa população, tanto no SUS, quanto na rede privada. A implementação de políticas e programas que incentivam a prevenção e direcionem as pessoas para modos de vida mais saudáveis, podem ajudar nesse direcionamento” defende.
Projeto Planalto
Em 2013, a SES publicou, em parceria com o Inca e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), os resultados de um estudo a respeito da incidência de câncer nos municípios situados no Planalto de Poços de Caldas, localizado na região Sudoeste de Minas. A região é reconhecida internacionalmente por suas anomalias radioativas e possui a primeira mineração de urânio do Brasil, que já está em fase de fechamento. Entre a população local existe a preocupação de que os efeitos negativos da radiação (especialmente o radônio) seriam responsáveis pelo índice de câncer superior ao normal na região.
A seguir, a coordenadora do Programa de Avaliação e Vigilância do Câncer de Minas Gerais, Berenice Navarro Antoniazzi fala sobre os resultados da pesquisa e das ações de vigilância estabelecidas pelo Governo do Estado:
1. Como o estudo foi conduzido?
Berenice Antoniazzi: No primeiro momento, instituições como Inca, CNEN e SES estiveram envolvidas e depois para as medições do radônio as secretarias municipais disponibilizaram os agentes comunitários, que foram capacitados para colocar os dosímetros e medir o radônio nos domicílios sorteados. Tivemos adesão de mais de 90% dos moradores que deram um belo exemplo de cidadania e compromisso com a saúde pública.
2. Quais tipos de câncer são provocados pela exposição ao radônio?
Berenice Antoniazzi: A proporção de todos os tipos de câncer associados ao radônio é estimada entre 3% e 14%, dependendo da média de concentração de radônio no país e do método de cálculo. Segundo os estudos epidemiológicos o radônio é a segunda causa de câncer de pulmão depois do tabagismo, sendo a primeira causa entre os não tabagistas.
3. Quais foram as principais conclusões do Projeto Planalto?
Berenice Antoniazzi: As taxas de incidência de câncer na população local estão coerentes com várias localidades de referência e não estão entre as mais elevadas do país, sendo compatíveis às encontradas em regiões desenvolvidas e ao envelhecimento populacional. Foi possível perceber, ainda, a necessidade de se construir políticas públicas voltadas para ações preventivas e reguladoras do radônio (inexistentes no Brasil). Ao contrário da crença popular, grande parte da nossa dose de radiação vem de fontes naturais sendo necessário orientar as populações, especialmente as mais expostas, sobre a melhor convivência com a natureza e a necessária mudança de hábitos. Em relação ao radônio, por exemplo, aumentar a ventilação diária dos domicílios diminuirá a concentração no ambiente para níveis mais seguros. O estudo mostrou que a residência que não tem o hábito de dormir com a janela aberta tem 2,2 vezes mais chances de apresentar um valor máximo de concentração de radônio.
4. Como a SES-MG tem estabelecido as ações de vigilância para acompanhar os níveis de exposição?
Berenice Antoniazzi: Este estudo faz parte de um conjunto de investigações e ações de um projeto maior de vigilância em saúde (vigilância do câncer e da exposição a radiação natural) na região pesquisada. Os resultados encontrados possibilitam informar a população sobre as principais condições de risco, monitorar os locais de maior vulnerabilidade, promover estudos epidemiológicos de associação entre causa e efeito, elaborar estratégias de comunicação de risco e subsidiar as equipes de vigilância das secretarias municipais de saúde sobre ações prioritárias. Em relação ao risco individual, observamos que todos os moradores receberam os resultados de seus domicílios e aqueles cujos níveis estiveram elevados receberam orientações das equipes de campo sendo também instalados novos dosímetros nessas residências para repetição das medições.
Agência Minas