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Maconha: Mineira obtém autorização para importar remédio à base de THC

Adelino Júnior

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Justiça mineira deu decisão favorável à paciente Juliana Novaes, que sofre de dores crônicas nos membros inferiores, na coluna e no baixo ventre e sentiu alívio com o uso da maconha.

Uma mineira foi a primeira pessoa a conseguir autorização judicial para importar o Sativex, medicamento à base de tetraidrocanabinol (THC) no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi notificada da decisão na tarde desta quarta-feira (27). A substância é o principal componente psicoativo da maconha e, atualmente, é proibida no Brasil.

Juliana Paolinelli Novaes, de 35 anos, tem uma compressão aguda dos nervos da coluna na região lombar da medula espinhal. Ela sofre de dores crônicas nos membros inferiores, na coluna e no baixo ventre.

“Eu costumava ter espasmos fortíssimos, de o meu joelho bater na minha boca. Eu precisava ser levada para o hospital amarrada”, conta a moça, estudante de terapia ocupacional na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Ela já chegou a ficar em cadeira de rodas e a ter um implante de uma bolsa de morfina ligada diretamente ao cérebro. “Depois de muita fisioterapia, eu consegui sair da cadeira de rodas. E estava percebendo que a morfina estava me matando aos poucos, então insisti com meu médico para que ele retirasse a bolsa de morfina. O procedimento era tão grave que não havia nem protocolo para ele no plano de saúde”, lembra.

Mudança

Hoje, Juliana comemora o fato de ter se livrado não só da morfina, como de todos os outros seis tipos de medicação que tomava. A substituta para todos os remédios foi uma planta que ainda é tabu no Brasil: maconha.

“Descobri os efeitos para o alívio da dor pesquisando por conta própria. Já tinha feito tudo que era possível, não havia mais nada que pudesse ser feito no meu caso”, diz. O consumo da erva, segundo ela, foi um divisor de águas. “Percebi que os espasmos eram controlados na hora. Minha marcha (o caminhar) também melhorou muito. Além disso, o número de crises por dia diminuiu. É maravilhoso ter um medicamento que me dá qualidade de vida”.

Atuação

Diferentemente do óleo de canabidiol (CBD) que 50 famílias já importam atualmente no Brasil, o Sativex tem uma maior concentração de THC, substância psicoativa da maconha.

“Esse medicamento é uma mistura de CBD e THC na proporção de 2:1. Ele foi feito para lidar com a dor. As duas substâncias juntas formam um time que cerca os vários caminhos por onde a dor pode chegar até a percepção da pessoa”, explica o neurocientista Renato Malcher, autor do livro “Maconha, Cérebro e Saúde”.

Importação

Atualmente, Juliana compra seu remédio na ilegalidade. Mas poderá mudar essa situação agora, com a decisão da Justiça mineira em seu favor.

A Anvisa não pode recorrer: foi notificada da decisão judicial e tem que acatar. Para importar a droga, Juliana agora terá que comunicar à Anvisa com qual país ela vai negociar para o fornecimento do remédio e como será o envio (avião ou navio), para a Anvisa avisar ao seu posto no local de chegada do medicamento.

“A maconha que se compra na rua não está apta para ser usada medicinalmente, pois contém muitas ‘porcarias’ (amônia, mofo, pedaços de tecido etc). Além disso, é ilegal, e eu não quero fazer parte desse sistema. Por fim, essa decisão abre portas para que outras pessoas tenham acesso ao remédio”, aposta Juliana.

Veja o documentário “Dor”, que conta a história de Juliana:
 

Fonte: O Tempo

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