Pelo menos três cidades do Triângulo Mineiro cancelaram a festa de Carnaval em 2015. São elas Ituiutaba, Sacramento e Campina Verde. O principal motivo, segundo as assessorias das prefeituras, é o arroxo financeiro, além da crise hídrica que atinge todo o Estado desde o ano passado. No centro-oeste mineiro, a escassez de água fez mais de 20 cidades cancelarem os eventos carnavalescos. Em todo o Estado, 24 municípios anunciaram que não vão promover a comemoração.
De acordo com Carlos Rodrigues de Souza, secretário municipal de Indústria, Comércio e Turismo de Ituiutaba, a 140 km de Uberlândia, o cancelamento do evento foi causado pela restrição orçamentária. “Estamos, como outras cidades mineiras, em contenção de gastos e temos outros setores, como saúde pública e transporte, que precisam de investimento. Comprovamos que o Carnaval atinge apenas 2% da população, que é de cerca de 120 mil habitantes, e, por isso, optamos por investir em outras prioridades”, disse. Ainda segundo Rodrigues, no fim de novembro do ano passado, o órgão abriu uma licitação para que empresas interessadas em realizar o Carnaval pudessem concorrer, mas ninguém compareceu. “Sem a participação de alguma empresa, a verba de que podíamos dispor, de R$ 300 mil, seria insuficiente para fazer a festa”, afirmou.
Em Sacramento, a 160 km de Uberlândia, a possibilidade de cortar recursos do Programa de Transporte Universitário Gratuito, que leva alunos para estudar em Araxá, Uberaba e Franca, foi o que motivou o cancelamento da festa. “No ano passado, gastamos cerca de R$ 1 milhão com a festa, mas, nesse ano, a situação financeira piorou, por causa da seca, que reduziu o potencial das hidrelétricas que eram a principal receita municipal. Para não cortarmos outros programas importantes, preferimos ficar sem Carnaval”, afirmou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Turístico e Cultural, Adriano Magnabosco.
Municípios têm receio de lotação
A crise hídrica vivenciada em todo o país desde o fim do ano passado, potencializada pela quantidade reduzida de chuvas, fez com que cerca de 20 cidades do centro-oeste mineiro, como Formiga, a 370 km de Uberlândia, também cancelassem o Carnaval. Segundo os municípios, o número de foliões, que aumenta no feriado prolongado, faz com que o gasto água seja ainda maior.
Em outras cidades, o cancelamento ocorreu por preocupação com a segurança dos foliões. Segundo a assessoria de comunicação das prefeituras de Carmópolis de Minas, e Carmo da Mata, por exemplo, com o cancelamento nas outras cidades do entorno, a administração temia que os carnavalescos se deslocassem para o município, o que geraria superlotação.
Em nota, Lagoa da Prata informou que o município já havia reservado os recursos e preparado toda a estrutura para a festa. Foi garantido ainda que não há problemas com racionamento de água nem financeiros. “O cancelamento foi um ato de prudência e responsabilidade, pensando, exclusivamente, na segurança pública”, afirmou a Prefeitura.
Campina Verde teve folia cancelada depois de uma determinação judicial
Ao contrário das mais de 20 cidades mineiras que, por iniciativa própria, cancelaram o Carnaval de 2015, Campina Verde, no Triângulo Mineiro, a 155 km de Uberlândia, teve a festa suspensa depois de uma determinação judicial. A decisão, concedida no último dia 28, em caráter liminar, proíbe que a cidade contrate artistas e monte palcos para os eventos carnavalescos.
De acordo com parecer da juíza Eleusa Maria Gomes, publicado pela Agência Estado no fim do mês passado, a crise hídrica do país é uma das principais razões. Segundo ela, durante o Carnaval, as pessoas enchem caminhonetes com água para se refrescarem e “há a necessidade de gastos com inúmeros caminhões de água para lavarem as ruas em todas as manhãs de Carnaval”.
Em nota, a assessoria de comunicação da Prefeitura de Campina Verde informou que vai recorrer da decisão ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), “visando conferir efeito suspensivo à decisão proferida pela Justiça de Primeiro Grau para que possa ser realizado o Carnaval de rua em Campina Verde no ano de 2015”.
Cidades mineiras que tiveram Carnaval Cancelado
Arcos – cancelado por necessidade de contenção de gastos – orçamento desequilibrado, segundo notícia publicada no Portal da prefeitura
Campina Verde – cancelado por determinação judicial por causa da crise hídrica
Carmo da Mata – cancelado, segundo assessoria de imprensa, por causa da crise hídrica e do medo de superlotação de foliões pelo cancelamento em cidades vizinhas
Carmópolis de Minas – cancelado, segundo notícia publicada no Portal da prefeitura, por causa da crise hídrica e do medo de superlotação de foliões pelo cancelamento em cidades vizinhas
Cláudio – cancelado, segundo entrevista do prefeito, publicada no portal da prefeitura, por causa da crise hídrica, segurança pública e economia
Formiga – cancelado, segundo portal da prefeitura, por contenção de gastos públicos
Iguatama – cancelado, segundo notícia publicada no portal da prefeitura, por emergência financeira
Itabira – cancelado, segundo notícia publicada no portal da prefeitura, por crise econômica e hídrica
Itaguara – cancelado, segundo comunicado oficial publicado na rede social da prefeitura, por causa da crise hídrica
Itambé do Mato Dentro – cancelado, segundo notícia publicada no Portal da Prefeitura, por medo de superlotação de foliões
Itapecerica – cancelado, segundo notícia publicada no portal da prefeitura, por escassez de água
Ituiutaba – cancelado, segundo secretaria de Indústria, Comércio e Turismo, por falta de recursos
Lagoa da Prata – cancelado, segundo notícia publicada no portal da prefeitura, por medo de superlotação de foliões, já que as cidades vizinhas cancelaram o evento também
Mateus Leme – cancelado, segundo notícia publicada no portal da prefeitura, pela escassez de recursos e priorização de outros investimentos
Moema – cancelado, segundo notícia publicada no portal da prefeitura, por medo de superlotação de foliões, já que as cidades vizinhas cancelaram o evento também
Oliveira – cancelado, segundo notícia publicada no portal da prefeitura, por dificuldades no abastecimento de água do município e necessidade de conter gastos públicos, segundo informação da assessoria de imprensa
Passatempo – cancelado, segundo membro da comissão de licitação, por crise hídrica.
Piracema – cancelado, segundo notícia publicada no portal da prefeitura, por medo de superlotação de foliões, já que as cidades vizinhas cancelaram o evento também. Crise hídrica também influencia
Recreio – cancelado, segundo notícia no portal da prefeitura, por causa da crise hídrica
Sacramento – cancelado, segundo secretário de Desenvolvimento Econômico, por crise financeira e hídrica
Santa Maria de Itabira – cancelado
Santo Antônio do Rio Abaixo – cancelado, segundo notícia publicada na rede social da prefeitura, por medo de superlotação de foliões, já que as cidades vizinhas cancelaram o evento também
São Francisco de Paula – cancelado, segundo notícia publicada no portal da prefeitura, por questões de segurança pública e de precaução para que não haja comprometimento no abastecimento de água do município
São Gonçalo do Pará – cancelado, segundo assessoria de comunicação, por causa da crise hídrica e financeira. Vão priorizar o rodeio, que é tradicional e acontece no segundo semestre.
Correio de Uberlândia
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