Servidora indígena vai auxiliar Secretaria de Educação na construção das políticas educacionais

Célia Nunes Correa pertence a uma tribo Xakriabá, no município de São João das Missões, no Norte de Minas.

Célia cursou a Educação Básica em escola da rede estadual de ensino e se formou em Educação Indígena na UFMG.
As políticas educacionais indígenas dão um importante passo em Minas Gerais. O desenvolvimento de ações voltadas a uma pedagogia que respeite as diversidades culturais dessas etnias passa a contar com uma representante indígena. Célia Nunes Correa pertence a uma tribo Xakriabá, no município de São João das Missões, e, a partir deste mês, passa a integrar a equipe do órgão central da Secretaria de Estado de Educação (SEE).
A servidora, conhecida entre as etnias indígenas como Célia Xakriabá, 25, vai atuar na Superintendência de Modalidades e Temáticas Especiais de Ensino. “A minha entrada aqui foi um convite da própria secretária. Eu falei para ela que há várias pessoas com o perfil mais direcionado e com grande experiência nessa área. Porém, ela disse que o fato de ser mulher, jovem e de vir dessa militância há 13 anos foram importantes nessa escolha”, conta ela que se formou na primeira turma de Educação Indígena da Universidade Federal de Minas Gerais, em 2013.
Célia cursou a Educação Básica em escola da rede estadual de ensino. Ela frequentou a Escola Indígena Estadual Xukurnuk, no município de São João das Missões. Recém-chegada ao novo trabalho, a servidora apresenta os anseios das comunidades indígenas. “As primeiras demandas são a construção da categoria escola indígena e da carreira do professor indígena. Esse projeto está muito bem definido e a proposta que eu trago aqui é como avançar na criação dessa categoria. Não é uma ação pensada para a o povo Xakriabá, mas um acordo entre povos indígenas de Minas”, explica.
Ao destacar que as especificidades culturais das etnias devem ser valorizadas na construção dessas diretrizes, Célia exemplifica como a cultura local e os conteúdos básicos comuns podem ser aliados na construção do conhecimento dos estudantes. “O que é melhor para trabalhar a forma geométrica na Matemática que o uso das pinturas corporais? São coisas simples, mas é o que faz a diferença. Os projetos pensados para a educação, até então, foram pensados de cima para baixo, como algo maior, mas não valorizam detalhes como esse”, conta.
Dialogar para avançar
Minas Gerais conta com, aproximadamente, 3,4 mil alunos indígenas das etnias Kaxixó, Krenak, Maxakali, Pataxó, Pankararu, Xakriabá, e Xucuru-Kariri. Esses estudantes estão em 17 escolas estaduais indígenas localizadas em sete municípios. De acordo com a Superintendente de Modalidades e Temáticas Especiais de Ensino, Iara Félix Viana, a vinda de Célia para a Secretaria de Estado de Educação representa um compromisso com o diálogo. “É importante saber da necessidade dessa interlocução entre o órgão público e as comunidades. Discutir a política de educação indígena é estar mais conectado com os anseios urgentes das comunidades e com a realidade que, às vezes, está muito distante do que a gente propõe aqui para a educação escolar indígena”, avalia.
Ainda segundo Iara Félix Viana, a representatividade dos diversos segmentos sociais nas construções das políticas públicas educacionais para o Estado também será feita para áreas como a educação especial e as comunidades quilombolas. “Célia estar aqui hoje representa um pouco dessa trajetória da nova gestão de dizer que ela tem que ser colaborativa, democrática e com a participação de todos os segmentos”, conclui.
Agência Minas
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Célia cursou a Educação Básica em escola da rede estadual de ensino e se formou em Educação Indígena na UFMG (Geanine Nogueira/SEE)

 
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