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Nova lei facilita pagamento de débitos por empresas em recuperação judicial

Adelino Júnior

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“Mataram meu irmão por causa de um celular, um relógio e uma carteira. Isso é um absurdo”, disse, desesperado, um irmão de Thales Martins da Costa Filho, 27, assassinado na manhã desta quarta na avenida Francisco Sales, no bairro Floresta, na região Leste da capital. À tarde, o engenheiro ambiental da Cemig Flávio José Fróes de Oliveira, 48, levou um tiro nas costas e morreu em um prédio do bairro Calafate, na região Oeste, após um trio roubar profissionais e pacientes que se consultavam nas salas. E, antes de isso tudo acontecer, um militar aposentado e auxiliar de taxista foi encontrado morto no veículo, no bairro Califórnia, na região Noroeste. Todos, vítimas de latrocínio – roubo seguido de morte –, crime que cresce em Minas e em Belo Horizonte.
No Estado, segundo dados da Polícia Civil, foram 59 ocorrências desse tipo de delito em todo o ano passado. Até o início deste mês, o número chegou a 63, crescimento de 6,77%. Na capital, o aumento foi de 14,28% – passando de sete, em 2014, para oito, até agosto deste ano. “O latrocínio é um roubo que não deu certo ou pela reação da vítima, ou pelo despreparo do assaltante”, analisou Luiz Felipe Zilli, pesquisador da área de segurança da Fundação João Pinheiro.
Leste. Costa trabalhava como estagiário em uma empresa no bairro Belvedere, na região Centro-Sul. Ele passava perto do viaduto do Extra, como o local é conhecido, quando foi abordado pelo criminoso. Segundo pessoas que vivem na região, o crime pode ter sido cometido por moradores de rua que ficam embaixo da estrutura. Não se sabe como o universitário foi morto, mas havia uma perfuração do lado esquerdo do tórax. Costa morava perto de onde foi atingido, e alguns de seus pertences estavam na rua, a 50 metros da casa dele.
“Ele reagiu, porque aqui temos muitos assaltos. Os moradores de rua mandam no pedaço, e não podemos fazer nada. A polícia diz que não pode fazer abordagens, porque isso é contra a lei. A gente já fez várias reuniões com a Polícia Militar, mas não resolveu. Com certeza, quando ele subiu de manhã (a rua é um ladeira), reagiu a esse assalto e deve ter sido esfaqueado”, disse uma empresária, de 41 anos, que é vizinha da vítima. Ela contou que a família do universitário mora em uma fazenda em Itabira, no Vale do Aço. “O menino só trabalhava e estudava. Estou revoltada”. A reportagem tentou repercutir a situação com os militares responsáveis pela área, mas não obteve resposta.
Relação. Especialistas ouvidos por O TEMPO avaliam que o crescimento no número de latrocínios está diretamente relacionado ao aumento de roubos. Números da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) revelam que, em 2010, 47.312 ocorrências desse crime foram registradas no Estado. No ano passado, passou para 92.915, um crescimento de 96,38%. “É preciso passar a investigar a receptação (dos produtos roubados)”, analisou Zilli.

Saiba mais
Polícia Militar
. Chefe da sala de imprensa da Polícia Militar, o major Gilmar Luciano informou que a corporação tem relacionado inteligência e repressão. A ideia é retirar de circulação quadrilhas especializadas em roubos, além de armas de fogo.
Polícia Civil. O Instituto Médico-Legal (IML) tem 30 dias para apresentar o laudo que mostra qual o tipo de arma foi usada para matar Thales Martins da Costa Filho. A corporação confirmou trabalhar com a hipótese de latrocínio para os três casos registrados em BH.
Seds. A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou que, para coibir roubos, investe em pessoal, aquisição de equipamentos, ações e operações. Nos primeiros oito meses deste ano, em comparação com 2014, a secretaria alega que houve queda na taxa de homicídios, estupros, sequestros, entre outros.

Como agir
Confira as orientações dadas pela Polícia Militar em caso de roubo:

* Não reaja
* Não faça movimentos bruscos
* Mantenha-se calmo e fale pausadamente
* Mantenha as mãos visíveis
* Antes de qualquer movimento, diga ao assaltante o que pretende fazer naquele momento
* Não tente negociar bens, entregue ao criminoso o que ele pedir.

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Taxista teria arma por ser PM aposentado
O militar aposentado José Ribeiro Filho, 68, dirigia o táxi pela rua Clarins, no bairro Califórnia, na região Noroeste da capital, quando teria sido abordado por um casal na noite desta terça, segundo a Polícia Militar. A suspeita é que os dois tenham tentado roubar o condutor, porém a vítima estaria armada e pode ter reagido. O filho do militar aposentado confirmou que o pai portava um revólver calibre 32, que não foi achado.

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No caso do engenheiro Flávio José Fróes de Oliveira, 48, ele teria se assustado com os bandidos e tentado descer as escadas e sair do prédio no bairro Calafate. “Nesse momento, os assaltantes ordenaram que ele parasse de correr. Ele estava muito assustado na hora. Abandonou a mochila dele no meio das escadas e continuou correndo. Nessa hora, um dos assaltantes deu um tiro nas costas dele. Ele caiu entre a entrada e a calçada do prédio”, afirmou uma testemunha, que preferiu o anonimato.
Até o fechamento desta edição, nenhum suspeito dos três crimes na capital tinha sido sequer identificado.

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Cena do crime. Universitário foi morto perto do viaduto do Extra, no bairro Santa Efigênia (Foto: Alex de Jesus / O Tempo)

O Tempo

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