Minas Gerais tem 189 bibliotecas públicas que disponibilizam, em seus acervos, algum tipo de serviço voltado exclusivamente para as pessoas com deficiência visual, como empréstimos de livros em braille, audiolivros, entre outros. Outras 14 têm um setor específico de braille em seus espaços, completamente dedicado aos usuários deficientes visuais.
O setor Braille da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, em Belo Horizonte, comemora o seu cinquentenário este ano. No local, os cerca de 500 usuários cadastrados têm acesso à informação e à literatura por meio de livros acessíveis, entre eles clássicos da literatura brasileira e estrangeira, além de periódicos, livros informativos e outras obras, que podem ser consultadas no local ou retiradas para empréstimo.
O acervo tem cerca de 2.300 livros em braille, 1.400 audiolivros – compostos por arquivos de som no formato MP3 –, e 40 filmes com audiodescrição. Semanalmente, entre 80 e 100 usuários frequentam o local em busca dos títulos disponíveis.
O coordenador do setor Braille da biblioteca, Glicélio Ramos, conta que um novo formato de livro passou a compor o acervo em 2015. “Temos agora dez livros em fonte ampliada, isto é, para pessoas que têm baixa visão e precisam de uma fonte maior do que a padrão para ter acesso à leitura. Entre eles, já estão disponíveis, por exemplo, os clássicos Vida Seca, de Graciliano Ramos, e O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry”, diz.
Além de disponibilizar os títulos, o setor Braille faz a gravação de audiolivros (em estúdio próprio, que funciona no prédio da biblioteca), a impressão de livros em Braille, e oferece, ainda, o serviço de leitura viva voz, no qual, a partir de um agendamento prévio, o usuário da biblioteca leva o material impresso em tinta e um voluntário faz a leitura.
No local, estão disponíveis ainda computadores com software de voz, que realizam a leitura da tela e permitem que o usuário com deficiência visual navegue na internet, e também dois equipamentos de lupa eletrônica, que ampliam a fonte dos livros.
Para o ex-aluno e atual diretor do Instituto São Rafael, uma das mais importantes escolas públicas de educação especial do país, Juarez Gomes Martins, o serviço prestado pelo setor Braille da Biblioteca Luiz de Bessa é imprescindível. “Somos um público carente de material especial acessível, por não ser um material barato e fácil de ser encontrado. A biblioteca então assume essa questão, que é muito importante, e cumpre muito bem este papel”, afirma.
Voluntários têm papel crucial
Hoje, o setor Braille da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa possui 570 voluntários cadastrados. “Eles nos ajudam em praticamente tudo que fazemos e oferecemos aqui. Sem eles, o setor não teria como funcionar”, afirma o coordenador Glicélio Ramos. “Às vezes, o usuário está fazendo um curso pela internet e o site não é acessível. O voluntário, então, o ajuda a fazer o curso, realizando leituras e auxiliando-o nas tarefas”, completa.
Voluntária no setor há mais de vinte anos, Dinalva Baumgratz, de 79 anos, ajuda com o que pode. “Sempre gostei de ler. Pensei: se tenho tanta facilidade para isso, por que não ajudar quem não tem?”, conta. Ela vai ao local todas as quartas-feiras, e afirma que ela é quem ganha com o trabalho. “Os funcionários da biblioteca têm um carinho imenso conosco, mas desde o primeiro dia em que estou lá, eu é que ganho: renovo minhas energias, faço amizades e aproveito o ambiente, que é muito fraterno e de muita paz”, conclui.
Para se voluntariar no setor, basta comparecer até a biblioteca e preencher uma ficha com dados de contato e a disponibilidade. O voluntário não precisa ter um horário fixo no local, já que a demanda é criada pelo usuário. “Em caso de agendamento de algum serviço, entramos no banco de dados e ligamos para todos, verificando quem tem disponibilidade”, explica Glicélio Ramos.
Interior do estado também oferece serviço
Em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, a Biblioteca Pública Municipal Juscelino Kubitscheck de Oliveira tem um setor braille desde 1994, que atende hoje cerca de 50 usuários. No local, são oferecidos ainda os serviços de alfabetização em braille e leitura viva voz, que também funciona com trabalho voluntário. São mais de 100 voluntários cadastrados na biblioteca.
A cidade de Araxá, no Alto Paranaíba, tem uma área destinada aos deficientes visuais na Biblioteca Pública Municipal Viriato Correia. Segundo a diretora da biblioteca, Maria José Assunção, o acervo é composto por livros em braille, audiolivros, jogos e dois computadores com softwares para leitura. “Temos dois usuários que, com o apoio da biblioteca, concluíram os estudos da graduação”, conta.
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