Cemig amplia prazo para receber projetos de Pesquisa e Desenvolvimento

A Ivision é um exemplo de empresa que participa do videomonitoramento de subestações de energia e vertedouros de hidrelétricas (Foto: Arquivo/ Ivision)

Com a inovação e a tecnologia cada vez mais imprescindíveis, companhia abre espaço para parceiros em potencial, desde startups a instituições de grande porte.

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) prorrogou, para 29 de março, o prazo limite para apresentação de propostas ao Programa Anual de Pesquisa e Desenvolvimento de 2016/2017, regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O último dia para se inscrever seria 9 de março, conforme o edital de Chamamento Público.
A iniciativa de prorrogar se dá para oferecer mais tempo às startups, empresas de base tecnológica, centros de pesquisas e universidades para apresentarem projetos que atendam os interesses da Cemig, que se destaca como um dos grupos mais inovadores do setor elétrico no país.
Segundo o gerente de Gestão de Tecnologia e Inovação da Cemig, Frederico Bruno Ribas Soares, desde o início do programa a companhia tem conseguido estabelecer parcerias que favorecem todos os lados, incluindo o consumidor.
Atualmente, existem cerca de 130 projetos em andamento e a participação de aproximadamente 400 instituições de grande, médio e pequeno porte, que vão desde as principais universidades do estado, até fornecedores de materiais e equipamentos da cadeia do setor elétrico, empresas de base tecnológica, centros de pesquisa, empreendedores e desenvolvedores de soluções, startups e agências de fomento, como a Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig).
Nos últimos três anos foram investidos R$ 115 milhões no programa de P&D. Sobre o montante para o edital que se encontra aberto a propostas inovadoras, Ribas diz que ainda não há um valor fechado para os projetos que serão selecionados, mas as perspectivas são boas, apesar das dificuldades da economia.
Os editais do programa de P&D são orientados por demanda das diversas áreas de negócios da Cemig. São levantados os desafios e um conjunto de informações relevantes, bem como as expectativas dos projetos futuros.
As entidades vão propor soluções para cada um dos problemas a partir de dez grandes temas, que envolvem 27 demandas que abrangem desde gestão do conhecimento e meio ambiente até temas mais relacionados à engenharia, como manutenção, operação do sistema elétrico e fontes alternativas.
Na questão ambiental, por exemplo, o foco está na avaliação e redução dos impactos ambientais decorrentes da operação e implantação de empreendimentos de geração.
Há ainda uma preocupação constante com ganhos na eficiência de processos que também têm o consumidor como beneficiário, assim como o desenvolvimento de tecnologias que facilitem a prestação de serviços com mais rapidez e menos burocracia.
Frederico Ribas ressalta que o mais interessante do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento é a sua abrangência, podendo contemplar praticamente todas as áreas da empresa. Espera-se algo em torno de 300 propostas até o encerramento do prazo no fim do mês. As instituições interessadas podem obter detalhes do Chamamento Público no site da Cemig.
O superintendente de Tecnologia, Inovação e Eficiência Energética da Cemig, Carlos Renato França Maciel, ratifica que, com o edital de Chamamento Público de Pesquisa e Desenvolvimento, a Cemig busca a participação das universidades, centros de pesquisa, empresas e fornecedores que possam apresentar soluções para as suas principais demandas internas.
“Essas demandas refletem grandes desafios e problemas atuais da companhia.  Este ano procuramos uma abordagem diferenciada envolvendo também as startups, que podem contribuir com soluções ágeis e customizadas em situações que não requerem uma pesquisa no formato mais acadêmico”, diz Maciel.
Parcerias estratégicas e bem-sucedidas
A UFMG é uma das mais tradicionais parceiras da Cemig em projetos de Pesquisa e Desenvolvimento. Para o diretor da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT), Gilberto Medeiros, a parceria é boa para todos, ressaltando que a universidade tem excelência em diversas áreas do conhecimento.
“O edital foi muito bem preparado, com diversidade de temas que afetam o desempenho da empresa, desde a área de meio ambiente até novos materiais. A Cemig foi muito além do que determina a Aneel no programa de P&D. Isso mostra como a empresa está preocupada em se tornar ainda mais competitiva”, diz Medeiros.
Exemplo da parceria entre a Cemig e a UFMG é a nova tecnologia criada para lidar com a falta de energia, diminuindo consideravelmente o tempo para restabelecê-la ao consumidor.
“Quando falta energia, os técnicos vão ao local e seguem um longo protocolo de segurança até concluir o diagnóstico para saber se o problema é no transformador ou na rede”, diz o professor e pesquisador Wallace do Couto Boaventura, do Departamento de Engenharia Elétrica. Ele acredita em expressivo ganho de tempo para atender ao cidadão, assim como na eficiência do sistema.
Como coordenador de parte da pesquisa, Boaventura tem a expectativa de que, com o equipamento desenvolvido, o diagnóstico seja extremamente rápido, cerca de 20 minutos para descobrir onde está o problema, mesmo seguindo o protocolo de segurança.
“Tão logo todos os testes estejam concluídos, a Cemig pretende levar a tecnologia a todas as regiões do estado e melhorar consideravelmente a vida do cidadão que enfrenta a falta de energia”, afirma.
Para a presidente da Axxion Tecnologia e Inovação, Fabiana Borges, também parceira da Cemig, o programa de P&D, regulado pela Aneel, exige das empresas do setor elétrico a destinação de um percentual para investir, cujo valor varia de acordo com o faturamento.
Fabiana reconhece que em momentos de crise as empresas diminuem, primeiramente, os investimentos para inovação, mas editais como o da Cemig ajudam o ecossistema de inovação a se manter vivo.
“A média de R$ 40 milhões anuais investidos não é desprezível, sobretudo, porque envolve toda uma cadeia de empresas de base tecnológica, startups, centros de pesquisas, enfim, é uma agenda muito positiva do Governo do Estado, por meio da Cemig”, conclui a executiva.
Startups e as oportunidades em P&D
A abertura para receber propostas de startups nos últimos anos também se refletiu em bons resultados. Exemplo disso é a Invent Vision (Ivision) — sediada no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-Tec) — que desenvolveu projeto avançado com a participação da Fitec – Inovações Tecnológicas.
O projeto com proposta de continuidade é considerado bem-sucedido e se destina ao videomonitoramento de subestações de energia e vertedouros de usinas hidrelétricas. O projeto-piloto está em operação na Hidrelétrica e na Subestação de Nova Ponte (Triângulo Norte) e deve ser expandido para outras regiões do estado. Há expectativa de que uma nova etapa — ainda dentro projeto de P&D — se aprovada, tenha uma expansão para quatro estações (usinas ou subestações). Depois disso, a Cemig poderá levar esse sistema a aproximadamente 30 instalações de geração e transmissão.
Segundo o diretor de Tecnologia da Ivision, Luiz Fernando Etrusco, o monitoramento se dá por um sistema avançado de câmeras e visa à segurança do cidadão, bem como a redução do custo operacional da empresa e da subjetividade dos técnicos nas ações, dentro da eficiência energética e segurança da operação.
Em síntese, uma manobra necessária na subestação se dá com mais segurança e objetividade, evitando riscos de danificar equipamentos e impedir a geração ou a transmissão de energia. Na abertura de comportas do vertedouro da hidrelétrica, o sistema é capaz de visualizar se há pessoas (pescadores e outros) ou animais da fauna silvestre, impedindo riscos de acidentes, antes de realizar a operação.
“É um sistema composto de uma plataforma de software inteligente, baseado na visão computacional, além das câmeras capazes de enxergar no espectro visível e no infravermelho termal”, revela Etrusco. O sistema está em processo de patenteamento no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI).

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