Um dia após afirmar que que não retiraria o patrocínio master do Boa Esporte Clube após a contratação do goleiro Bruno, o grupo Góis e Silva voltou atrás diante da repercussão negativa e anunciou, neste domingo (12), que fará uma reunião na segunda-feira (13) com a diretoria do time e que estuda a retirada do apoio ao clube de Varginha, no Sul de Minas. Até o momento três empresas já anunciaram o fim do contrato com o Boa.
Em nota divulgada no site do grupo e na página pessoal de seu proprietário, o empresário Rafael Góis, a patrocinadora master inicia falando sobre a repercussão negativa que a contratação vem causando em sua imagem.
“Deixamos claro e explícito nosso repúdio a todo e qualquer tipo de violência contra a mulher e qualquer outro tipo de violência, independente de classe social, gênero, faixa etária, cor da pele, orientação sexual, religião etc”, completa o texto. Logo em seguida o grupo diz que mantém nos valores e missão da empresa o apoio ao esporte, ao empreendedorismo, às causas sociais e aos programas de recuperação.
Antes de terminar, a patrocinadora afirma que o encontro tem o objetivo de requerer à diretoria que a decisão de contratar o goleiro seja revista, sendo que, caso o requerimento não seja atendido, “infelizmente estudaremos cancelar o patrocínio ao Boa”, conclui.
O grupo Góis e Silva é parceiro do Boa desde 2014, sendo o principal patrocinador do clube, estampando sua marca na área mais valiosa da camisa. Ainda no sábado (11), O TEMPO conversou com a direção da empresa, que afirmou que continuaria apoiando o Boa e outras agremiações esportivas por acreditar nos valores do esporte. O grupo disse, ainda, que apoia a contratação de ex-presidiários e acredita na reintegração ao convívio social e ao mercado de trabalho.
“Se a ‘lei de Jesus’ incentiva um ‘novo começo’, quem somos nós humildemente diante desse cenário gigantesco para boicotar nosso apoio à decisão do Boa Esporte Clube? A decisão de contratação coube exclusivamente à diretoria do Boa Esporte Clube, mas mantemos a nossa posição de acreditar no esporte do Brasil e, por isso, há 3 anos mantemos nossa parceria com o time. Sim, vamos continuar com a parceria”, argumentava o trecho da nota divulgada a princípio.
A patrocinadora master afirmava ainda não temer que sua marca associada ao goleiro e nem receber críticas pelo patrocínio. Nas redes sociais de Rafael Góis, no entanto, internautas postaram comentários contrários ao apoio da empresa. “Por quanto tempo sua empresa irá manter patrocínio a time de futebol que contrata assassinos?”, diz um. Na mesma toada, outro comentarista questiona o patrocínio. “Esperamos que cortem relação financeira com um time que apoia um homicida”.
Outros patrocínios cancelados
Somente neste domingo, outras três empresas que apoiavam o clube do Sul de Minas retiraram o patrocínio. A primeira delas foi a Nutrends Nutrition – do ramo de suplementos nutricionais. Pouco tempo depois a Cardiocenter anunciar que não patrocinaria mais o time que contratou o goleiro Bruno Fernandes, condenado a 22 anos de prisão pelo assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samúdio.
“A Cardiocenter não concorda com a contratação de jogadores que não representam nossos ideais, nos opomos porque consideramos que os jogadores tem que ser exemplos de atletas para as crianças e para todos os apaixonados por futebol. Já solicitamos que nosso logo seja retirado do site do Boa Esporte”, dizia o comunicado.
A empresa de equipamentos hospitalares Magsul também se posicionou contra a contratação. A patrocinadora não chegou a fazer uma publicação oficial em sua página, mas respondeu a todos os comentários que indagavam a instituição sobre seu posicionamento em relação a contratação de Bruno, afirmando que já havia rescindido o contrato com o time.
Relembre
O goleiro, que foi revelado pelo Atlético Mineiro, assinou na última sexta-feira (10) contrato de duas temporadas – 2 anos – com o time do Sul de Minas. A apresentação do novo reforço do time mineiro deve ocorrer na próxima terça-feira (14).
Bruno foi condenado em primeira instância a 22 anos e três meses em regime fechado pela morte de Eliza, mas conseguiu ser solto provisoriamente por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) do dia 24 de fevereiro.
Via: O Tempo