Bolsonaro é transferido para hospital em São Paulo; agressor disseminava ódio nas redes sociais

O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, foi transferido para o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, na manhã desta sexta-feira 7. A informação foi divulgada no Twitter pelo deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidenciável, e confirmada em entrevista coletiva pela diretora-médica da Santa Casa de Juiz de Fora, Eunice Dantas.
“Meu pai passou a noite bem, seu quadro está estabilizado e será transferido para o Hospital Israelita Albert Einstein agora”, escreveu Flávio no começo da manhã. “Ele está em condição hemodinamicamente estável e em boas condições. Só foi possível o transplante [de hospital] porque ele está bem”, corroborou Eunice.
Segundo ela, Bolsonaro estava “lúcido” no momento em que chegou ao hospital e a avaliação feita de que “foi por pouco” que o presidenciável sobreviveu ao incidente, afirmada pelos familiares do candidato, se deve ao fato de o candidato ter tido uma hemorragia interna, que só foi estancada durante o atendimento médico e que poderia ter levado o deputado a óbito em caso de demora maior.
O candidato foi transportado em um avião, que pousou em São Paulo às 9h45 da manhã. Do Aeroporto de Congonhas, ele foi transportado em um helicóptero até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do estado e de lá seguiu para o hospital, onde chegou por volta das 11 horas.
Na noite de ontem, a avaliação de uma junta médica era a de que o parlamentar apresentava “falta de estabilidade hemodinâmica” mas a situação foi reavaliada às 8h da manhã, quando, segundo Eunice, foi constatada que os riscos de novos sangramentos estavam afastados e a transferência poderia ser feita. A médica afirmou que a expectativa é de que Bolsonaro tenha alta hospitalar de sete a dez dias, mas que a situação terá de ser avaliada diariamente.
Cirurgia
O candidato Jair Bolsonaro passou por uma cirurgia de cerca de quatro horas nesta quinta-feira 6, depois de ter uma faca estocada em seu abdômen durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG). O procedimento, chamado de colostomia, é considerado de grande porte, tendo sido necessária a transfusão de quatro bolsas de sangue durante a sua realização. O esfaqueador, Adelio Bispo de Oliveira, de 40 anos, foi preso em flagrante.
Em uma primeira coletiva de imprensa, o cirurgião Luiz Henrique Borsato, que conduziu a operação do parlamentar, classificou o estado de saúde do presidenciável do PSL como “grave, mas estável”. Segundo Borsato, as lesões mais graves, que representavam risco à vida de Jair Bolsonaro, foram “identificadas e tratadas” durante a cirurgia, “mas é claro que complicações da cirurgia podem acontecer, uma delas a infecção intra-abdominal”. O médico disse que o período dos próximos dois dias é crucial para a recuperação.
O cirurgião apontou que a facada desferida por Adelio Bispo de Oliveira causou uma “volumosa hemorragia interna”, deixou três perfurações no intestino delgado do presidenciável, que foram suturadas, e uma “lesão grave” no cólon transverso, uma porção do intestino grosso. Neste caso, não houve pontos, mas um procedimento conhecido como colostomia, que consiste na exteriorização de parte do intestino em uma bolsa. Bolsonaro deve ficar cerca de dois meses com a bolsa e, então, será operado novamente para reverter o procedimento.
Vídeo
Em vídeo gravado de dentro do hospital pelo senador Magno Malta (PR-ES), Bolsonaro afirmou nunca ter feito “mal a ninguém”, mas que estava consciente de que “corria riscos”. Bolsonaro agradeceu a Deus e à equipe médica pelo trabalho. O candidato estava acompanhado também de dois dos seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). Segundo Bolsonaro, a sua primeira sensação foi a de uma bolada em um jogo de futebol. “A dor é insuportável e parecia que tinha algo mais grave acontecendo”, afirmou no vídeo.

A fala de Bolsonaro
“Eu quero agradecer a Deus por esse momento, somos imortais. Agradecer os médicos e os enfermeiros que me viram desde o começo. Eu estava muito preocupado que parecia apenas uma pancada na boca do estômago. Quem já levou bolada no futebol sabe que a dor é insuportável e parecia que tinha algo mais grave acontecendo. Essa equipe maravilhosa, abençoada. Foi Deus que detectou e evitou que o mal maior acontecesse. Meu muito obrigado aos médicos e enfermeiros de todo o Brasil, que tenha colocado as pessoas certas nesse dia, às vésperas do nosso 7 de setembro. Infelizmente, não vou poder comparecer amanhã, na Presidente Vargas, no desfile do 7 de setembro, mas estamos com o coração e mente, sempre tendo um Brasil acima de tudo e um Deus acima de todos. Particular agora, Magno. Você é um outro irmão e não é de agora. Todos nós temos uma missão aqui na terra. Essa missão será cumprida, Magno. Por eu, por você ou por outra pessoa. Até o momento, Deus quis assim e vamos levá-la. Adianto a todos que eu me preparava para um momento como esse, porque você corre riscos, mas às vezes duvida: será que o ser humano é tão mal assim? Eu nunca fiz mal a ninguém e o que acontece na minha vida, desde que eu nasci em uma chuva de pedra e, aos quinze anos, no Vale do Ribeira, e enxergar pessoas maravilhosas como vocês que estão nos assistindo e meus filhos, que estão aqui e são da família. Tem Deus e depois tem a família. E a família, com todo respeito aos profissionais, é importantíssimo nesse momento porque é o que pensamos em todo lugar. Agradeço aos meus filhos que estão aqui e minha esposa que está chegando.”
Agressor
Preso na noite de quinta-feira, 6, por ter ferido com uma facada o candidato Jair Bolsonaro (PSL), o servente de pedreiro Adélio Bispo de Oliveira, de 40 anos, usou as redes sociais para disseminar mensagens de ódio contra o deputado nos últimos meses, entre elas, uma em que pedia “pena de morte” ao presidenciável, chamado “traidor”, “judas” e também xingado.

A mensagem, postada no dia 16 de julho, reproduz um vídeo editado em que o deputado fala sobre a Amazônia e a base espacial de Alcântara (MA) e é acusado de pregar a entrega do patrimônio nacional aos Estados Unidos. Sobre essas imagens, enquanto o parlamentar fala, surge a inscrição: “Jair Bolsonaro traidor – judas pena de morte pra esse fdp (sic)”.
Em outra publicação, ele reproduziu gravação em que Bolsonaro e a também deputada Jandira Feghalli (PCdoB-RJ) debatem na TV sobre a ditadura militar. Oliveira comentou: “Dá nojo só de ouvir dizer que a ditadura deveria ter matado pelos uns 30 mil comunistas”.
Antes da mensagem em que prega a pena de morte ao candidato, Oliveira praticou tiros no Clube e Escola de Tiro.38, em São José (SC), no dia 5 de julho. O clube é frequentado por dois filhos de Jair Bolsonaro – Carlos, vereador no Rio de Janeiro (PSL), e Eduardo, deputado federal (PSL-SP). Ao jornal O Estado de S. Paulo, o Clube 38 confirmou que Adélio praticou tiros com a supervisão de um instrutor.
Em 2013, Oliveira foi acusado pelo crime de lesão corporal no município de Montes Claros (MG), onde morava. Segundo o major Flávio Santiago, porta-voz da Polícia Militar de Minas Gerais, o caso envolveu a agressão a outro homem por causa de uma cobrança de dívida.
Simpatizante de ideologias de esquerda e símbolos comunistas, ele foi filiado, entre 2007 e 2014, ao PSOL de Uberaba (MG), e incentivava protestos na cidade. Também chegou a participar de manifestações contra a corrupção na cidade e em Brasília, em frente ao Congresso Nacional. Publicou ainda imagens de pessoas que defendem a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Operação Lava Jato.
Em maio, Oliveira postou foto na qual aparece ao lado de uma placa em que se lê “políticos inúteis”. No mesmo dia, ele divulgou outra imagem em que pedia a renúncia do presidente Michel Temer.
Em seu perfil, o servente de pedreiro usou a seguinte frase para se definir: “Não importa em que partido tu militas, nem a ideologia que acreditas ou fé que tu praticas, se você tens (sic) prazer no triunfo da Justiça, então somos irmãos”.
Fonte: VEJA e O Estado de S. Paulo.

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