O Governo de Minas deve repassar verbas para três municípios do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba para que moradores de aglomerados que estão com Covid-19 possam ficar isolados em hotéis.
Conforme informou a Secretaria de Estado de Saúde (SES), Uberlândia, Uberaba e Patos de Minas foram estrategicamente escolhidas, assim como outras cidades do estado, totalizando 17 municípios.
Conforme o Estado, o projeto, que faz parte das ações de enfrentamento e combate ao novo coronavírus, foi criado em parceria com Ministério Público Estadual. Para as três cidades, a previsão de repasse é de quase R$ 500 mil e cabe a cada Prefeitura sinalizar o interesse em participar do projeto.
O G1 procurou as assessorias de comunicação dos Municípios para saber se têm interesse em adesão, se há planejamentos com hotéis e quais as áreas de aglomeração em cada cidade (veja retornos abaixo).
Regras do projeto
De acordo com a infectologista da SES e uma das responsáveis pelo projeto, Tânia Marcial, a ação prevê que casos suspeitos ou confirmados para Covid-19 na população que vive em aglomerados sejam isolados nas redes hoteleiras.
Desta forma, o Estado pretende reduzir a transmissão do vírus em ambientes de vulnerabilidade social, a necessidade de leitos para internação, incluindo os de terapia intensiva, e os óbitos relacionados à doença.
“Promover formas de isolamento para as populações vulneráveis é uma importante medida de saúde pública para controlar a disseminação da doença”, disse.
Cada cidade será responsável pela escolha dos hotéis.
Recursos e critérios
Para todo o estado, a previsão de repasse é de R$ 3 milhões. Os três municípios da região serão beneficiados com quase R$ 500 mil, sendo:
O governo informou que o repasse aos municípios que aderirem ao projeto será feito em parcela única, do Fundo Estadual de Saúde para o Fundo Municipal de Saúde, em conta específica destinada exclusivamente para este fim.
As 17 cidades foram selecionadas conforme os seguintes critérios:
- População maior ou igual a 150 mil habitantes;
- Taxa de incidência de casos maior ou igual a 50% da média estadual;
- Possuir sistemas de notificação oficiais (Sivep Gripe e Esus-Ve) atualizados;
- Possuir aglomerados subnormais mapeados e taxa de incidência calculada para estas áreas;
- Ter definidos os estabelecimentos e protocolos de funcionamento.
Isolamento
Segundo Tânia Marcial, a escolha para isolamento em hotéis se deu porque os espaços têm infraestrutura adequada e serem unidades com facilidade de aplicação de protocolos sanitários.
Serão adotadas medidas para implantação de cortes de isolamentos (andares ou alas com positivos, negativos e suspeitos).
O protocolo recomenda que o uso de ar-condicionado e ventiladores seja evitado. Também não é recomendável receber visitas durante a hospedagem, exceto em casos de profissionais de Saúde, que devem usar máscara cirúrgica.
Cada pessoa em isolamento vai receber um kit de higiene composto por escova e pasta de dente, pano e álcool para limpeza de superfície, três máscaras cirúrgicas por dia, lenço descartável e recipiente com álcool gel.
Público-alvo
Os pacientes que serão hospedados nos hotéis são pessoas com sintomas leves, com suspeita ou confirmação da infecção pelo novo coronavírus, residentes de aglomerados, sem possibilidade de isolamento adequado em suas residências.
“Os casos suspeitos serão avaliados pela equipe da Atenção Primária, sendo o encaminhamento realizado somente após essa análise, notificação no sistema Esus-Ve e coleta de exame”, afirmou a infectologista.
Os sintomáticos, suspeitos ou confirmados serão isolados pelo período mínimo de dez dias após o início dos sintomas, estando até 72 horas assintomáticos. Contatos assintomáticos com exame de PCR positivo ficarão isolados por dez dias e com exame sorológico positivo por sete dias.
Como os hotéis não são unidades de saúde, não será permitido o isolamento de pessoas de grupo de risco, como maiores de 60 anos, gestantes, portadores de comorbidades e menores de 18 anos
Posicionamento das prefeituras
O G1 procurou a assessoria de comunicação das prefeituras.
Até as 10h desta quarta-feira (12), Patos de Minas disse que não foi oficialmente informada sobre a disponibilidade desses recurso. O secretário Municipal de Saúde, Carlos Rezende, também esclareceu que a Prefeitura sendo comunicada da medida, avaliará a viabilidade de aderir, “uma vez que a operacionalização não é simples e não se faz de um dia para o outro.”
Já Uberlândia e Uberaba ainda não responderam à demanda até a última atualização desta reportem.