Plantando e colhendo um novo futuro. Essa é a atual perspectiva de detentas e detentos da Penitenciária de Juiz de Fora I – José Edson Cavalieri – que estão trabalhando no programa de zeladoria chamado Boniteza, em Juiz de Fora, na Zona da Mata. Vinte mulheres que cumprem pena estão trabalhando no Horto Florestal da cidade produzindo mudas que são plantadas nos canteiros das ruas, avenidas, parques e praças do município. Do lado de fora, são os homens que cuidam dos espaços públicos da cidade, fazendo serviços de capina, roçada, varrição e limpeza em geral; treze custodiados estão inseridos nesta parte do projeto.
Em dezembro, o Horto Florestal produziu pouco mais de 800 mudas. Já em janeiro, após o início da parceria, 12 mil mudas foram produzidas. Aumento expressivo que não seria possível sem o apoio das acauteladas. A proposta é trazer mais mulheres do sistema prisional para o projeto e, à medida em que as atividades avancem, elas possam executar trabalhos externos, como na manutenção e execução de projetos de canteiros, praças e jardins.
“Sabemos que às mulheres presas faltam muitas oportunidades. E o projeto Boniteza veio com essa proposta de ensinar a plantar mudas e cuidar de plantas, que depois serão usadas para embelezar nossa cidade. A importância dessa parceria com a prefeitura se mostra quando conseguimos inserir novamente essa pessoa na sociedade, com dignidade e, principalmente, sem exclusão. Ela se torna funcionária e consegue ter uma relação de trabalho. Isso gera a possibilidade de sonhar e se refazer. Elas também incentivam suas colegas de cela, melhorando o comportamento de todas, além de ajudar na disciplina da unidade”, pontua a diretora de Atendimento da penitenciária, Lucinda Tavares.
As 20 mulheres custodiadas trabalham para a Empresa Municipal de Pavimentação e Urbanização (Empav). No Horto Florestal, localizado no bairro São Benedito, elas trabalham no cultivo de plantas e ervas medicinais e ornamentais, produção de mudas de árvores e na manutenção e limpeza das áreas externas do horto. Todo o trabalho é feito com a orientação do supervisor do local, Filipe Paiva.
Cátia Mendes, 50 anos, é uma das detentas envolvidas no Boniteza. Ela, que está há 12 anos presa, conta como o trabalho mudou tudo em sua vida. “É uma oportunidade única que eu agradeço muito por ter recebido. Eu nunca imaginei que fosse fazer algo assim, cuidar de plantas, mexer com a terra, conhecer os nomes. Estou aprendendo muito e o trabalho está trazendo um novo significado para a minha vida. Eu comecei a ver o mundo de outra forma. Quero sair e ter uma nova vida, com o trabalho eu vejo que sou capaz de mudar o rumo da minha vida”.
Demlurb
A outra parte da parceria, em que atuam os detentos do sexo masculino, é feita com o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Demlurb). Atualmente, são 13 presos, mas a intenção é que esse número chegue a 30 custodiados.
“Desde o ano passado, o Demlurb já vinha conversando com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) no sentido de formalizarmos um convênio que pudesse viabilizar o trabalho de pessoas privadas de liberdade no programa Boniteza. Sendo assim, realizamos, em dezembro do ano passado, a assinatura do convênio por meio de um Termo de Parceria, com a presença de várias autoridades do município e do estado”, acrescenta a diretora-geral do Demlurb, Gisele Pereira Teixeira.