Após os desdobramentos das investigações dos atos golpistas do dia 8 de janeiro, o ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, pretende ficar nos Estados Unidos por mais tempo. Simpatizantes se mobilizam para custear a estadia prolongada. As informações são do jornal A Folha de São Paulo.
Bolsonaro está em Orlando, na Flórida, desde o dia 30 de dezembro do ano passado. A especulação é a de que ele viajou para evitar passar a faixa presidencial para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia da posse presidencial, em 1º de janeiro. Cerca de 10 dias depois da viagem, um grupo de apoiadores do ex-presidente invadiu e depredou as sedes dos Três Poderes.
No dia 13 de janeiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes acatou o pedido do Coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos e subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, para incluir o ex-presidente no inquérito das investigações dos atos antidemocráticos. A PGR pede que o STF investigue Bolsonaro por “autoria intelectual” de atos golpistas.
O inquérito no qual o ex-presidente será investigado mira os “autores intelectuais” e os responsáveis por instigar os bolsonaristas a invadirem e depredarem o Palácio do Planalto, Congresso Nacional e a sede do STF. Os responsáveis por vandalizar e destruir móveis, vidraças, salas, rasgar documentos, destruir obras de arte e itens históricos foram presos.
Segundo a Folha, um grupo de empresários paulistas, que apoiam o ex-presidente, montou um plano para custear a estadia prolongada dele nos EUA. “Foram acertadas com empresários americanos seis palestras sobre política, cada uma pagando US$ 10 mil (quase R$ 51 mil no câmbio de hoje). Bolsonaro, segundo uma pessoa com conhecimento do assunto, se comprometeu a proferir pelo menos uma delas”, diz o jornal.
A permanência do ex-mandatário na Flórida depende de questões financeiras, uma vez que ele está hospedado na casa de aluguel por temporada do lutador de MMA José Aldo em Kissimmee, mas não seria de bom tom ocupar o imóvel por tanto tempo. Além de Bolsonaro, da esposa e das filhas, viajaram com ele ainda cinco dos oito funcionários a que ele tem direito como ex-presidente.
A diária no imóvel de Aldo custa o equivalente a R$ 2.600. Além dos demais gastos como alimentação, segurança e lazer. Além disso, Bolsonaro deve arcar com advogados de defesa para defendê-lo no inquérito dos atos golpistas e das 16 ações que tramitam contra ele no TSE.
Vale destacar que a renda de Bolsonaro atualmente é de, em média, R$ 42 mil por mês, sendo uma aposentadoria de R$ 30 mil concedida após deixar o Planalto, somada à aposentadoria dele como ex-militar das Forças Armadas, no valor de R$11.945,49. A remuneração prometida pelo partido do ex-mandatário, o Partido Liberal (PL), equivalente a R$ 40 mil, só deve ser paga a partir de abril. Porém, o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, condicionou o “salário” à presença do ex-presidente no país.
Com isso, segundo apurou a Folha, o grupo de empresários aliados recomendou a Bolsonaro abrir uma conta no Banco do Brasil em Orlando, para permitir acesso a seus fundos no Brasil. A matéria da Folha diz ainda que membros do PL são contrários à permanência de Bolsonaro nos EUA e defendem que ele precisa voltar logo ao Brasil, sob pena de perder o apoio de seu eleitorado.