Com o cumprimento da prisão preventiva de uma mulher, de 20 anos, nesta quinta-feira (9), em Ituiutaba, Triângulo Mineiro, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu os trabalhos investigativos acerca de duplo latrocínio, cárcere privado e ocultação de cadáver que vitimaram mãe e filho em janeiro deste ano. No total, seis suspeitos de envolvimento nos crimes foram presos ao longo das apurações.
Segundo o delegado responsável pelas investigações, Carlos Fernandes, da Delegacia de Polícia Civil em Ituiutaba, o inquérito policial reuniu mais de 400 páginas ao longo de, aproximadamente, 30 dias de levantamentos. “Trata-se de um procedimento com conteúdo probatório extenso e robusto, que servirá de arrimo para a análise de denúncia pelo Ministério Público”, observou.
Fernandes também disse que os policiais civis conseguiram recuperar todos os pertences subtraídos das vítimas, como dinheiro, diversas joias, documentos pessoais, cartões bancários, veículo e uma arma de fogo (revólver, calibre 38). “A arma de fogo foi adquirida por duas pessoas, que foram ouvidas no inquérito policial, as quais serão responsabilizadas pelos crimes de receptação e porte ilegal de arma de fogo”, informou.
O delegado ainda destacou a investigação qualificada e célere produzida pela equipe. “Foi um crime gravíssimo e de difícil elucidação, uma vez que foi cometido em dois estados (Minas e Goiás) e em três cidades diferentes (Ituiutaba-MG, Goiânia-GO e Professor Jamil-GO), o que enaltece o trabalho de todos os policiais civis que participaram: delegados, escrivães, investigadores, médicos-legistas e peritos”, finalizou o delegado, ao ressaltar a parceria com os órgãos de segurança pública do Estado de Goiás, que contribuíram efetivamente nas apurações.
AÇÃO CRIMINOSA
Segundo apurado, o homem, de 63 anos, e a mãe dele, de 85 anos, teriam sido mortos, respectivamente, em 19 de janeiro, na cidade de Ituiutaba, e no dia 25 do mesmo mês, em Goiânia. A polícia identificou o corpo abandonado da idosa na cidade de Professor Jamil (GO) e localizou o cadáver da primeira vítima, queimado, no dia 27 de janeiro, em meio a um canavial no município de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro.
Antes das execuções, conforme relato dos três primeiros presos em flagrante, todos da mesma família – pai (59 anos), mãe (52) e filho (25) -, eles teriam se alojado no apartamento das vítimas, em Goiânia. A partir daí, passaram a ministrar remédios para dopá-las, o que teriam conseguido já no primeiro dia. Assim, eles forçaram a vítima (de 63 anos) a fornecer suas senhas bancárias, com o objetivo de levar a quantia de R$ 180 mil, mas ela resistiu. Diante da resistência, o trio resolveu levar objetos e quantias que havia no imóvel.
Já em posse dos bens, os suspeitos resolveram voltar para Ituiutaba, trazendo também o homem de 63 anos com a finalidade de continuar extorquindo-o. Diariamente, eram ministradas doses altas de medicamento controlado à vítima, que morreu em função da administração do remédio, sem ter fornecido suas senhas bancárias. O corpo foi então colocado em pneus e queimado em meio a uma plantação de cana-de-açúcar.
De volta à Goiânia, o trio deu a notícia da morte do filho à idosa, dizendo que teria sido por problemas de saúde. A mulher passou por grande sofrimento e, segundo narrativa dos investigados, estes passaram a administrar remédios ansiolíticos a ela. Com a piora em seu estado de saúde, a idosa também morreu. Durante o transporte do corpo da mãe até Ituiutaba, para fazer extermínio igual ao do filho, sofreram um acidente e precisaram jogar o cadáver em um matagal, para que não fossem surpreendidos pela polícia.
PRISÕES
Ao longo das investigações, foram autuados em flagrante pai (em Goiânia), mãe e filho (em Ituiutaba), no dia 26 de janeiro, em decorrência de uma operação conjunta de forças policiais de Minas e de Goiás. No curso dos trabalhos, a PCMG ainda representou à Justiça pela decretação de prisões preventivas de outros três suspeitos: dois homens, de 19 e 20 anos, detidos em 13 de fevereiro na cidade de Uberlândia, e da mulher, de 20, presa nesta quinta-feira em Ituiutaba.
Os investigados serão indiciados pelos crimes de latrocínio, cárcere privado e ocultação de cadáver. Todos se encontram no sistema prisional.