O deputado federal André Janones figura dentro de um cenário alarmante: o parlamentar é uma das cinco maiores vítimas de fake news no país. As informações são provenientes de um levantamento realizado pelo UOL ao longo dos últimos cinco meses, com base em decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), além do relatório final da CPI da Covid, submetido à Suprema Corte e que abrange o período de janeiro de 2020 a janeiro de 2023. No total, foram identificadas pelo menos 480 ações e inquéritos.
A pesquisa integra a investigação “Mercenários Digitais”, uma iniciativa que visa a rastrear o negócio da desinformação na América Latina. Este projeto se desenvolve através da colaboração entre o UOL, a Agência Pública, outros 18 veículos latino-americanos e quatro organizações especializadas em investigação digital, sob a liderança do Centro Latinoamericano de Investigação Jornalística (Clip).
Dentre os 314 disseminadores de desinformação identificados, 270 são pessoas físicas e 44 são pessoas jurídicas e órgãos governamentais. As decisões judiciais incluem sanções que vão desde a cassação de mandatos até ordens de busca e apreensão, remoção de conteúdo falso das redes sociais, bloqueio de contas bancárias e perfis, desmonetização de canais no YouTube e aplicação de multas.
Os números revelam que a lista contempla 70 políticos, 37 empresas privadas, 32 empresários, 21 membros ou ex-membros da administração pública, oito empresas públicas ou órgãos do governo, dois partidos e dois movimentos políticos. Além disso, também estão presentes 142 indivíduos, que vão desde juízes a influenciadores digitais e jornalistas renomados como Alexandre Garcia, Alessandro Loiola, Rodrigo Constantino e Guilherme Fiúza.
É importante ressaltar que este número pode ser ainda maior, considerando que o STF já aceitou denúncia contra 1.051 indivíduos acusados de autoria intelectual dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, incluindo instigação por meio das redes sociais. No entanto, devido ao sigilo do inquérito, não é possível identificar os motivos específicos de cada investigação.
Destaca-se, ainda, que dentre os políticos identificados, 49% são afiliados ao Partido Liberal (PL), que abriga 34 dos 70 políticos presentes no levantamento. Importante mencionar que André Janones, com sua atuação marcante e comprometida, traz à tona o relevante papel que a política desempenha diante desse cenário.
O ex-presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, recebeu multas no valor de R$ 30 mil e R$ 5.000 devido à disseminação de notícias falsas na internet, como alegações infundadas que conectavam o presidente Lula ao Primeiro Comando da Capital (PCC) ou afirmavam que o líder do PCC, Marcos Willians Camacho, o Marcola, votaria no candidato petista.
Jair Bolsonaro também sofreu punições por parte do TSE em junho de 2023, quando foi declarado inelegível por oito anos após questionar a confiabilidade das urnas eletrônicas. Esse processo foi iniciado por uma reunião com embaixadores no Palácio do Planalto, na qual o ex-presidente questionou a credibilidade do sistema eleitoral sem apresentar provas. Além disso, ele também é objeto de investigação devido a ataques dirigidos aos ministros do STF.
Além do clã Bolsonaro, ex-integrantes do governo anterior que utilizaram a popularidade de seus cargos para se eleger ao Congresso por meio do Partido Liberal (PL) também figuram na lista, como a senadora e ex-ministra Damares Alves, o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, além de outros ex-ministros como Mário Frias, Ricardo Salles e Eduardo Pazuello. Também estão presentes antigos aliados do ex-presidente, como Carla Zambelli, Bia Kicis, Carlos Jordy e Filipe Barros.
É crucial ressaltar que a lista de políticos penalizados inclui também outros partidos, como Republicanos (6), PTB (5), PT (4), União Brasil (4), Podemos (3), MDB (3), PP (2), DC (2), além de Avante, Novo, PCdoB, PSB, PSD e PSC, com um representante cada.