Cerca de 24,8 milhões de abelhas foram mortas em apiários de Uberlândia nessa última semana. Apicultores atribuem a culpa das mortes a flexibilização do uso de agrotóxicos na agropecuária. Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) fala em falta de comunicação entre produtores e apicultores.
Apicultores de Uberlândia registraram uma imensa perda no número de colmeias e abelhas nessa última semana. Segundo dados levantados pelo Regionalzão, ao todo já foram notificados 310 colmeias danificadas, provocando a morte de cerca de 24,8 milhões de abelhas na região.
Em entrevista ao Regionalzão, o apicultor Daniel Rodrigues, que teve 60 colmeias atingidas, disse: “Eu atribuo essas mortes a flexibilização e extremo uso de agrotóxicos como o Fipronil nas lavouras”.
O fipronil é um inseticida utilizado na agricultura para combater pragas em cultivos de cereais, frutas e vegetais, além de ser empregado em produtos veterinários para controle de parasitas em animais. Contudo, sua utilização tem sido associada a preocupações ambientais, especialmente no que diz respeito aos impactos negativos sobre as abelhas.
O fipronil é conhecido por afetar o sistema nervoso central dos insetos, levando à sua paralisia e morte. Infelizmente, essa toxicidade não se restringe apenas aos alvos desejados, alcançando também as abelhas polinizadoras.
O contato com resíduos de fipronil nas plantas ou mesmo através da contaminação da água pode resultar em efeitos adversos significativos para as abelhas, comprometendo sua capacidade de navegação, forrageamento e, em última instância, ameaçando a saúde das colônias. Dessa forma, a utilização indiscriminada do fipronil destaca a importância de práticas agrícolas sustentáveis e a busca por alternativas menos prejudiciais ao meio ambiente.
Em nota, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), afirmou que foi até uma das propriedades, e confirmou o alto número de abelhas mortas. Informaram ainda que foram recolhidas amostras dos animais e enviadas para o Laboratório de Análise de Resíduos e Agrotóxicos (Lara), em Contagem.
Eles ainda informaram que somente com o laudo emitido pelo laboratório será possível dizer o motivo dessas mortes.
A nota ainda cita:
“O IMA recomenda aos meliponicultores e apicultores que haja uma comunicação prévia entre estes produtores e seus vizinhos, para que, durante a aplicação de produtos químicos, os meliponicultores e apicultores possam fechar as suas colmeias. Além disso, é importante que meliponicultores e apicultores sempre tenham a anuência dos proprietários onde vão instalar seus apiários.”
Em conversa com Damasu, representante do IMA, ele informou que a instituição continua sendo notificada de outros casos como este e reforçou: “É necessário haver comunicação entre o produtor da lavoura e o apicultor, pois o agrotóxico pode ser legal e autorizado, porém ele atinge a vizinhança e é necessário que se comunique que está usando o agrotóxico para não termos situações como essa”.
Nossa equipe de reportagem apurou com o apicultor Daniel a respeito do prejuízo causado pelos danos nas 60 colmeias. Segundo ele, cada colmeia tinha cerca de 8 mil abelhas, totalizando 50 mil reais em perdas. Os cálculos ainda não incluem os lucros que ele teria com a venda dos produtos.
Entramos em contato ainda com a Polícia Militar Ambiental para saber se havia algum registro das abelhas mortas em Uberlândia e nos foi informado que o registro foi formalizado apenas pelo IMA, que não feito nenhum boletim de ocorrência sobre o caso.